O Ministério da Saúde informou terça-feira, 7, que apura um caso suspeito da hepatite fulminante de origem desconhecida em crianças em Minas Gerais e que 69 episódios estão em investigação. Outros 36 foram descartados. Na semana passada, a pasta divulgou que o primeiro caso provável da doença foi registrado no Mato Grosso do Sul. A doença, que tem sido investigada em países da Europa e nos Estados Unidos, pode ter relação com o subtipo 41 do adenovírus, mas a causa ainda não foi descoberta.
De acordo com o ministério, 17 estados monitoram episódios. São 16 em São Paulo, nove em Minas Gerais, oito no Ceará, seis no Rio de Janeiro, seis em Pernambuco, cinco no Rio Grande do Sul, quatro em Santa Catarina. As demais notificações foram feitas por Rio Grande do Norte (3), Goiás (3), Paraná (2), Espírito Santo (1), Mato Grosso do Sul (1), Pará (1), Maranhão (1), Rondônia (1), Paraíba (1) e Alagoas (1).
Ainda segundo a pasta, os Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) e a Rede Nacional de Vigilância Hospitalar (Renaveh) estão monitorando alterações do perfil epidemiológico e a detecção de casos suspeitos da doença. A orientação da pasta é que qualquer suspeita deve ser notificada imediatamente pelos profissionais de saúde.
Para analisar os casos, a ministério instalou uma Sala de Situação que conta com a participação de especialistas do ministério e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Os primeiros registros da hepatite fulminante em crianças foram feitos em países europeus e se concentravam principalmente no Reino Unido. Segundo balanço divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no último dia 29, a doença matou nove crianças e foram registrados 650 casos prováveis no mundo. De acordo com a entidade, 33 países registraram a doença misteriosa e 38 crianças precisaram de transplante de fígado. Em levantamento do dia 25 de abril, a OMS tinha detectado 17 episódios que precisaram fazer o procedimento.
A entidade investiga a relação dos casos com o adenovírus, que causa doenças gastrintestinais e respiratórias. Há suspeitas de que o subtipo 41, que provoca gastroenterites (inflamação gastrintestinal), seja o causador da moléstia, mas as investigações sobre a ligação desta infecção com a Covid-19 foram intensificadas.
A hepatite é uma inflamação que atinge o fígado e, na maioria dos episódios, é causada por vírus, mas pode ter relação com o uso de substâncias tóxicas, incluindo medicamentos, consumo de álcool, doenças hereditárias e distúrbios autoimunes. Os principais sintomas são icterícia (cor amarelada na pele ou nos olhos), diarreia, dor abdominal e vômito. Nas crianças afetadas, testes laboratoriais descartaram os tipos A, B, C, E e D (quando aplicável).