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Microplásticos contaminam até 90% dos camarões do litoral paulista, aponta estudo

Trabalho da Unesp detectou as partículas no intestino dos animais

Por Da Redação
Atualizado em 11 mar 2025, 12h06 - Publicado em 11 mar 2025, 12h05

Uma investigação científica realizada por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) revelou que a quase totalidade dos crustáceos do litoral de São Paulo estavam contaminados com microplásticos.

A pesquisa foi realizada pelo Programa Biota, teve início em 2023 e investigou crustáceos da baixada santista e do litoral sul do estado. O que os resultados preliminares — ainda não publicados e revisados por pares — apontam é que algo entre 80% e 90% dos camarões avaliados tinham as partículas em seus intestinos.

“A nossa proposta é comparar como camarões de ecossistemas tão diferentes respondem à exposição a microplásticos”, explica Daphine Herrera, pós-doutoranda do projeto, em entrevista à Agência Fapesp. “Os camarões, por serem detritívoros [alimentam-se de detritos no fundo do mar], estão expostos a grandes quantidades de microplásticos presentes nos sedimentos marinhos. Esse hábito facilita a análise de bioacumulação de microplásticos em seu organismo, tornando-os modelos ideais para o estudo.”

A quantidade de partículas varia entre os locais, mas é fato que a contaminação está bastante dispersa na costa brasileira. Outra investigação realizada pelo grupo de pesquisa da bióloga Mércia Barcellos da Costa, da Universidade Federal do Espírito Santo, por exemplo, já havia descoberto que essas partículas estão amplamente presentes em moluscos de todo o litoral brasileiro.

Nas próximas etapas, o grupo quer investigar se a presença dessas partículas pode afetar a qualidade nutricional do alimento. A pesquisa também avalia siris, lagostas, lagostins e caranguejos.

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Quais os efeitos dos microplásticos na saúde?

Até agora, um número muito pequeno de pesquisas avaliou o impacto dos nano e microplásticos na saúde, mas esses elementos já foram detectados no cérebro de moradores de São Paulo, na corrente sanguínea, na placenta e no pulmão de cidadãos ao redor do mundo. 

Apesar da falta de pesquisas conclusivas, há uma preocupação: além dos perigos potenciais do próprio plástico, esses elementos podem absorver poluentes atmosféricos e carregá-los para o corpo, aumentando os riscos de intoxicação. E aqui, um agravante: plásticos biodegradáveis, cada vez mais comuns, têm o potencial de gerar ainda mais microplásticos, além de aderirem com maior facilidade a tecidos biológicos. 

Qual a origem dos microplásticos?

Essas partículas podem ter origem direta de produtos comerciais, como cosméticos esfoliantes, mas também podem ser geradas a partir da decomposição ou do processamento do plástico convencional, inclusive na reciclagem. Um problema é resolvido, mas gera outro, cujas consequências ainda são grandemente desconhecidas. 

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Para tentar minimizar esse problema, uma série de pesquisas têm sido desenvolvidas no país. Na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), por exemplo, um trabalho conduzido pelo engenheiro Paulo Augusto Marques Chagas utilizou nanotecnologia para desenvolver um filtro veicular capaz de barrar esses pequenos pedaços de plástico presentes no ar, enquanto duas outras investigações, uma na Universidade de São Paulo (USP) e outra no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), desenvolveram equipamentos para remover esses elementos microscópicos da água. 

Mas será possível resolver esse problema na origem? Para os pesquisadores, é unânime: é preciso eliminar os plásticos. Hoje, é impossível imaginar qualquer sociedade sem esse polímero, mas os especialistas defendem que pelo menos os de uso único, como as embalagens de frutas, as sacolas de supermercado ou até mesmo as garrafas descartáveis de água e refrigerante, sejam excluídas do nosso dia a dia.  

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