A FDA, agência americana que regulamenta medicamentos, aprovou na quinta-feira a primeira terapia para prevenção de enxaqueca. O erenumabe é um medicamento biológico que age inibindo o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, conhecido como CGRP, molécula que atua no desencadeamento das dores.
O Aimovig, nome comercial do erenumabe, não impede todos os ataques de enxaqueca, mas pode torná-las menos severas e reduzir sua frequência em pelo menos 50%. O medicamento é a primeira terapia desenvolvida especialmente para enxaqueca. Os tratamentos disponíveis até o momento foram criados para o tratamento de outras doenças como convulsões, depressão e pressão alta e eventualmente se mostraram eficazes também contra enxaqueca.
Produzido pela Amgen e pela Novartis, o novo medicamento deve ser disponibilizado nos Estados Unidos a partir da semana que vem. Ainda não há previsão de aprovação no Brasil. As farmacêuticas Lilly, Teva e Alder têm medicamentos semelhantes nos estágios finais de estudo ou esperam aprovação do FDA.
Atuação inédita
A novidade dessa medicação está no fato de ela agir diretamente sobre a CGRP (proteína relacionada ao gene da calcitocina, em tradução livre), molécula que atua no desencadeamento das dores. O erenumabe é um anticorpo monoclonal que se liga ao receptor do CGRP, impedindo que ele aja no organismo, transmitindo a sensação de dor característica da enxaqueca.
Segundo especialistas, a CGRP está presente em todas as pessoas, mas em pacientes com enxaqueca o nível do neurotransmissor aumenta durante as crises. “Esse novo medicamento treme o chão sob os nossos pés. Ele vai mudar a forma como tratamos a enxaqueca”, disse Stewart J. Tepper, pesquisador da Universidade de Dartmouth, nos Estados Unidos, ao jornal americano The New York Times.
No entanto, para terem acesso a esse medicamento, os pacientes terão que desembolsar cerca de 6.900 dólares (cerca de 25.700 reais na cotação atual do dólar) por ano.
A eficácia e a segurança do medicamento foram avaliadas em estudos clínicos com pacientes que sofriam de enxaqueca crônica, definida por quinze episódios por mês, por no mínimo três meses, e episódica, que apresentava entre quatro e catorze crises mensais. Em termos de segurança, o erenumabe apresentou os mesmos efeitos colaterais do placebo: dor no local de aplicação e problemas do trato respiratório superior.
Em relação à eficácia, metade dos pacientes com enxaqueca episódica reduziu em pelo menos 50% o número de dias de dor ao mês. Já nos pacientes com a condição crônica, 41% reduziram as crises mensais pela metade.
Enxaqueca
A enxaqueca não é apenas uma dor de cabeça. Além do latejamento, que pode durar horas ou dias, o problema geralmente é acompanhado de sintomas incapacitantes, como náusea e vômito, dificuldade para falar e aversão à luz e ao ruído. Por isso, ela está entre as dez principais causas de incapacidade no mundo.
É a terceira doença mais comum, afetando uma em cada sete pessoas. Estima-se que cerca de 2% da população mundial sofra com a forma crônica do problema.