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Maconha pode permanecer no leite materno por até 6 dias após uso

Altas dosagens de tetra-hidrocarbinol (THC) e do canabidiol no leite materno podem interferir na formação cerebral dos bebês

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 17h32 - Publicado em 27 ago 2018, 19h41
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  • Fumo na gravidez
    Fumo na gravidez (Thinkstock/VEJA/VEJA)

    Algumas substâncias danosas presentes na maconha podem se manter na corrente sanguínea e chegar ao leite materno, aponta estudo publicado nesta segunda-feira na revista Pediatrics. A pesquisa foi estimulada pelas recentes evidências de que o número de mulheres americanas que fumam maconha durante e após a gestação vem aumentando; dados do governo dos Estados Unidos apontam que cerca de 1 em cada 20 mulheres relataram ter fumado maconha durante a gravidez. Entre os motivos da utilização está o tratamento do enjoo matinal.

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    Segundo pesquisadores, os testes de laboratório detectaram pequenas quantidades de tetra-hidrocarbinol (THC), substância psicoativa que pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro; ela é responsável pelas sensações de êxtase experimentadas pelos usuários. Outro elemento encontrado nas amostras de leite foi o canabidiol, promovido por suas possíveis propriedades benéficas à saúde. 

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    A equipe acredita que o THC e o canabidiol podem interferir na formação cerebral dos bebês, dependendo da dosagem e do tempo de exposição. Esta não é a primeira pesquisa a indicar os perigos potenciais do uso da droga durante a gravidez e amamentação.

    O estudo

    O estudo, realizado pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, recolheu amostras de leite materno de 50 mães, com filhos recém-nascidos e com até um ano de idade. Os pesquisadores ainda investigaram se as crianças haviam sido expostas diretamente à maconha, medicamentos ou outras substâncias nos 14 dias que antecederam a coleta das 54 amostras (recolhidas e analisadas entre 2014 e 2017).

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    Os resultados mostraram que o THC foi encontrado em 63% das amostras em uma concentração média de 9,47 nanogramas por mililitro. Já o canabidiol foi detectado em 9% delas.

    Ao calcular possível ingestão das substâncias pelas crianças – considerando fatores como aleitamento materno e quantidade de leite ingerida -, eles estimaram que um bebê com 3 meses de idade, pesando 6,1 kg ingeriria cerca de 0,040 nanogramas de THC por mililitro de leite. Essas concentrações foram encontradas até seis dias após a entrega das amostras. Apesar das descobertas, a equipe se mantém cautelosa, pois ainda não foi possível determinar se a quantidade encontrada representa algum risco real aos bebês.

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    Estudos de pequena escala da década de 1980 sobre a utilização da droga em período de amamentação apresentaram resultados conflitantes: um não encontrou evidências de atrasos no crescimento; o outro indicou um pequeno atraso no desenvolvimento, mas isso poderia ser efeito do uso da maconha durante a gravidez.

    Consumo e amamentação

    De acordo com Christina Chambers, co-autora do estudo, a maioria dos pediatras encoraja a amamentação, destacando os benefícios para a saúde dos bebês, mas existe um dilema quando o uso da maconha está envolvido. “Nós ainda apoiamos as mulheres a amamentar, mesmo que usem maconha, mas as encorajamos a interromper o uso”, disse Seth Ammerman, professor de pediatria da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, à CBS News.

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    Ammerman esteve envolvido na produção do novo relatório da Academia Americana de Pediatria, que se posicionou contra a utilização da droga durante a gestação e aleitamento e solicitou que as mães que usam reconheçam os desafios médicos da questão. “Ao aconselhar os pacientes sobre isso, é importante não julgar, mas educar os pacientes sobre os potenciais riscos e benefícios para garantir um resultado saudável para mãe e bebê”, explicou.

    O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas publicou relatório com observações similares. “O conselho que pediatras e obstetras estão dando às mulheres grávidas e as que amamentam é baseado em evidências sólidas”, disse Christina à CNN

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    Além disso, pesquisas anteriores indicam que o uso da droga durante a gestação está associado ao baixo peso no nascimento e ao parto prematuro; ainda há riscos de atrasos no desenvolvimento e dificuldades de aprendizagem em crianças mais velhas. No entanto, os cientistas reconhecem que fatores adicionais, incluindo o uso de outras drogas durante a gestação podem ter interferido nos resultados.

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    Falta de informação

    Especialistas em saúde afirmam que a falta de informações científicas sobre a maconha representa um risco para a saúde pública, especialmente em países onde a droga tem uso recreacional e médico legalizados. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde diversos estados permitem uma – ou ambas – formas de utilização, o número de pessoas que consomem está aumentando porque existe a falsa impressão de que se é legal, é seguro.

    Diante destes dados, cientistas dizem que mais estudos são necessários para entender melhor os efeitos da droga na saúde dos indivíduos, principalmente de gestantes e lactantes. “É importante ser capaz de saber as respostas a essas perguntas. Esta é uma chamada à ação para dar os próximos passos para estudar os resultados de longo prazo dessas crianças”, afirmou Christina. A comunidade científica alerta que a quantidade de pesquisas sobre o assunto ainda é limitada, pois existem restrições dos governos, que consideram a maconha uma droga ilegal e dificultam pesquisas na área.

    Redes de apoio

    Keira Sumimoto, mãe que precisou usar a maconha por razões médicas, administra uma conta no Instagram (@cannabisandmotherhood) para ajudar mulheres que utilizam ou consideram utilizar a droga durante gravidez e amamentação. Segundo ela, fumar um cigarro de maconha por dia a ajudou a ganhar peso durante doença (antes da gravidez) e aliviou as dores do parto; além disso, sua filha, com oito meses de idade, é saudável e avançada para a idade dela.

    Apesar de atestar os benefícios, ela diz que precisou parar devido às reações das pessoas que se opõem ao uso da droga. “O medo está tomando conta e a necessidade e a vontade de entender essa planta estão sendo ignoradas pelo estigma”, comentou.

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