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Ludmila Ferber: ‘Luto porque amo viver’

A cantora gospel, de 54 anos, enfrenta um câncer agressivo e raro com a ajuda da fé e da medicina

Por Ludmila Ferber
Atualizado em 22 nov 2019, 10h11 - Publicado em 22 nov 2019, 06h00

Em 2017, passei quase os últimos seis meses do ano com uma tosse muito forte. Como minha agenda é agitada, só fui investigar quando uma das minhas filhas me pediu com veemência que eu fosse ao médico. Então, em fevereiro de 2018, fui diagnosticada com câncer no pulmão, com metástases no fígado e nos ossos. A princípio, os médicos me deram seis meses de vida. Entrei em choque. Minha primeira reação foi desabar no choro. Entendi naquele dia o que significa de fato “perder o chão”. Sou divorciada e tenho três filhas (de 25, 27 e 29 anos). Meu coração foi direto nelas. Pensei: não posso morrer, não é agora. Sou o esteio da minha família. Tenho uma missão na Terra. Não acabou.

Desde então, tenho me ancorado na minha fé. Mesmo assim, o ano passado foi extremamente difícil. Meu caso é inoperável. É uma mutação rara da célula do câncer. Entramos com a quimioterapia mais forte que há para o meu caso, administrada em quatro ciclos de três dias por mês. Mas só piorei. Não estava fazendo efeito, e fui definhando. Não valia a pena continuar com aquilo. Entramos então com um tratamento experimental. Superei etapa por etapa. Cheguei viva um ano depois do diagnóstico, em fevereiro de 2019, mas ainda me sentindo muito mal.

Hoje estou em um segundo tratamento experimental, encabeçado por duas equipes médicas, uma no Rio de Janeiro e a outra em São Paulo, que consiste em uma quimioterapia oral por catorze dias seguidos e catorze dias de pausa. Assim tenho vivido. Faço tomografias de dois em dois meses, e elas praticamente não mudaram em relação ao diagnóstico do ano passado. Os exames são um fato. Mas vivo numa realidade paralela: eu me sinto forte como uma leoa, continuo viajando, fazendo apresentações musicais em igrejas, no Brasil e lá fora. Lancei recentemente dois singles pela Sony: Um Novo Começo e O Caminho do Milagre. Continuo trabalhando. O câncer é no pulmão, mas não desisti de cantar por causa dele, apesar de tossir com frequência. Faço de tudo para não aparentar a doença. Você nunca vai me ver abatida no Instagram, por exemplo.

Ainda lido com os efeitos colaterais da medicação: muita ânsia, retenção de líquidos. Perdi um pouco de peso, mas sempre fui magra: acho até que estou “menos magra” do que antes do tratamento. No começo de tudo, um momento marcante foi quando perdi o cabelo. Estava com minhas três filhas, e, enquanto uma raspava minha cabeça, outra segurava o celular. A terceira, que mora fora, nos acompanhava via FaceTime. Tivemos esse momento especial. Por enquanto estou concentrada em lutar pela minha vida. Tenho um senso forte de destino. Nunca questionei Deus por causa da doença. Uma das minhas músicas se chama Nunca Pare de Lutar, e estou vivendo isso. Sou um exemplo de guerreira para minhas filhas, e continuarei sendo. Apesar de tudo, percebi que não tenho medo de morrer. Existe um versículo na Bíblia que afirma que “viver é Cristo, e morrer é lucro” — só brinco de dizer que esse lucro eu não quero tão cedo (risos). Quero viver, amo a vida. Amo a vida com todos os desafios, dores e dificuldades que ela traz. A vida é um tesouro. Enquanto há vida, há esperança. Quero transmitir isso às pessoas. Ainda não venci o câncer, mas sigo no caminho. O que vem amanhã, não sei.

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Meus médicos estão maravilhados com o resultado até agora. Eles não podem dizer que compartilham do meu sentimento de fé, mas sei que me entendem. Meu pai teve câncer de estômago aos 60 anos. E, de um dia para outro, os exames pré-operatórios mostraram que não havia mais nada. Então acredito, sim, em curas inexplicáveis. Por enquanto, estou muito feliz de estar viva. E, apesar dos pesares, sei que só tenho a agradecer.

Depoimento dado a Raquel Carneiro

Publicado em VEJA de 27 de novembro de 2019, edição nº 2662

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