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Japão derruba restrições e abre as fronteiras para turistas estrangeiros

Após dois anos de isolamento pela Covid-19, país espera boom turístico para revigorar a economia

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 out 2022, 17h09

Após dois anos de isolamento pela pandemia da Covid-19, o Japão abriu totalmente suas fronteiras aos visitantes estrangeiros nesta terça-feira, 10. Com o restabelecimento da isenção de visto para dezenas de países, encerrando um dos mais rígidos controles pandêmicos de fronteiras do mundo, o país oriental espera revigorar sua economia com um boom turístico. Por isso, também suspendeu o limite de entrada de 50.000 pessoas e acabou com a exigência de que os turistas viajem como parte de grupos de turismo.

Segundo o primeiro-ministro, Fumio Kishida, o turismo é a saída para colher alguns benefícios da queda do iene. Mesmo assim, ainda enfrenta ventos contrários: a falta de trabalhadores nas áreas de hospitalidade, as preocupações persistentes com a Covid-19 e as previsões dos economistas de que o retorno dos turistas seria gradual. “O governo pretende atrair 5 trilhões de ienes (cerca de US$ 34,5 bilhões) em gastos turísticos anuais. Essa meta pode ser muito ambiciosa para um setor que definhou durante a pandemia”, disse.

De acordo com um relatório do Nomura Research Institute, escrito pelo economista Takahide Kiuchi, os gastos de visitantes estrangeiros atingirão apenas 2,1 trilhões de ienes até 2023 e não excederão os níveis pré-Covid até 2025. Até agora, em 2022, pouco mais de meio milhão de visitantes chegaram ao Japão, em comparação com o recorde de 31,8 milhões em 2019.

“Espero que muitos estrangeiros venham ao Japão, como era antes da Covid”, afirmou Arata Sawa, proprietário da terceira geração do ryokan Sawanoya, em Tóquio, ansioso pelo retorno dos visitantes estrangeiros, que antes representavam até 90% dos hóspedes de sua tradicional pousada.

Desde o anúncio da flexibilização da fronteira, a transportadora Japan Airlines Co viu suas reservas de entrada triplicarem, segundo anúncio do presidente Yuji Akasaka ao jornal Nikkei. Mas a demanda de viagens internacionais não se recuperará totalmente até 2025. “Não acho que haverá um retorno repentino à situação pré-pandemia”, afirmou Sawato Shindo, presidente da Amina Collection Co, uma cadeia de 120 lojas de presentes do país.

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Motivos para comemorar?

As esperanças de um retorno estrondoso do turismo também são atenuadas pela falta de trabalhadores nas áreas de hospitalidade. Segundo a empresa de pesquisa de mercado, Teikoku Databank, quase 73% dos hotéis em todo o país estavam sem funcionários regulares em agosto, acima dos 27% do ano anterior.

Akihisa Inaba, gerente geral do resort de águas termais Yokikan, em Shizuoka, no centro do Japão, disse que a falta de pessoal durante o verão significaria a renúncia das folgas dos funcionários contratados. “Naturalmente, a escassez de mão de obra se tornará mais pronunciada quando as viagens retornarem. Então, não tenho tanta certeza de que podemos comemorar”.

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Se os visitantes estrangeiros usarão máscaras faciais e cumprirão controles contra outras infecções comuns no Japão é outra preocupação. Os rígidos controles de fronteiras foram amplamente populares durante a maior parte da pandemia, e os temores permanecem sobre o aparecimento de novas variantes do coronavírus.

Na sexta-feira 7, o governo aprovou a alteração dos regulamentos hoteleiros para que os operadores possam recusar hóspedes que não obedeçam às medidas de controle de infecção, caso haja um surto. “Desde o início da pandemia até agora, tivemos apenas alguns convidados estrangeiros”, contou Sawa. “Praticamente todos usavam máscaras, mas não tenho certeza se as pessoas que visitarem daqui em diante farão o mesmo”.

Uma força, no entanto, que pode impulsionar o retorno de visitantes é a queda do iene. A moeda japonesa enfraqueceu muito em relação ao dólar, dando a alguns visitantes um poder de compra muito maior e tornando o país atraente para os caçadores de pechinchas que visam os centros de eletrônicos, bens de luxo e varejo do Japão.

No distrito eletrônico de Akihabara, em Tóquio, por exemplo, as prateleiras de Hideyuki Abe se encheram de relógios e souvenirs como espadas de samurai e gatos de brinquedo com cabeças que balançam. Abe, que empregava cerca de 50 pessoas, teve que demitir após o início da pandemia em 2020, agora, a preocupação é outra. “Estou um pouco apreensivo com a falta de trabalhadores”, disse. Mas sem as restrições da pandemia e o dólar valendo cerca de 145 ienes, ele acredita que os turistas estarão de volta. “É uma oportunidade perfeita”, finalizou.

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