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Israel: casos graves de Covid em vacinados são mais comuns em idosos

Médicos israelenses começam a notar um padrão nas infecções em imunizados: a maioria completou o esquema há pelo menos 5 meses e tem comorbidades

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 ago 2021, 18h13

Desde o início da vacinação contra a Covid-19 no mundo, Israel se tornou um estudo de caso em tempo real sobre a eficácia de vacinas, em especial, o imunizante da Pfizer -BioNTech. Atualmente, o país enfrenta um novo surto da doença, causado pela disseminação da variante Delta. Identificada na Índia, além de ser mais contagiosa, a nova cepa parece ser menos suscetível às vacinas. Graças ao seu sistema de saúde extremamente organizado, Israel agora pode ajudar a responder, também em tempo real, perguntas a respeito das infecções causadas pela doença em pessoas totalmente imunizadas.

Recentemente, médicos do país notaram um padrão em pessoas que foram hospitalizadas com quadros graves da doença, mesmo após terem recebido duas doses do imunizante da Pfizer, que é considerado um dos mais eficazes disponíveis atualmente.

Segundo informações compiladas pela agência Reuters com base em entrevistas com profissionais e autoridades de saúde do país, a maioria desses pacientes completou o esquema de vacinação há pelo menos cinco meses, tem mais de 60 anos e comorbidades que aumentam o risco de complicações da Covid-19. Por outro lado, a maioria dos não vacinados internados com casos graves são pessoas jovens e saudáveis, cujo quadro evolui rapidamente para intubação e outros suportes de vida.

Embora casos graves de Covid-19 sejam mais comuns em pessoas não vacinadas ou com imunização parcial, composto por aqueles que tomaram apenas a primeira dose, dados de outros países, como Estados Unidos e Reino Unido, corroboram com os de Israel.

Análises anteriores, divulgadas pelo Ministério da Saúde israelense, já haviam apontado para uma redução da eficácia da vacina contra casos leves e sintomáticos da doença. Um relatório divulgado pelo órgão essa semana, mostrou que a eficácia da vacina contra doenças graves caiu de 90% para 55% em pessoas com 65 anos ou mais que completaram a vacinação em janeiro. Idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido tendem a responder pior às vacinas e, por isso, pode ser que a proteção do imunizante dure menos neste grupo.

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Baseado nestes fatos, Israel contrariou a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para adiar a administração de uma terceira dose e desde julho oferece um reforço para pessoas a partir de 60 anos de idade. Em agosto, o governo do país reduziu a idade de pessoas elegíveis para a dose extra para 50 anos e, recentemente, para 40 anos. Nesta nesta sexta-feira, 20, o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, se tornou o primeiro governante do mundo a receber a dose de reforço.

Outros países, como Estados Unidos, França e Alemanha,  seguiram o exemplo e também passaram a ofertar doses de reforço para idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido. Por outro lado, a OMS acredita que, neste momento, é mais importante avançar na taxa de pessoas vacinadas com ao menos uma dose no mundo, do que iniciar o reforço em pessoas totalmente imunizadas. A organização fez um apelo para que nações desenvolvidas se abstenham de doses extra neste momento e doem vacinas para países com menos acesso aos imunizantes.

No Brasil, a Anvisa recomendou essa semana a administração de uma terceira dose da CoronaVac em idosos e imunossuprimidos, mas reiterou que a decisão fica a critério do Ministério da Saúde. O líder da pasta, o ministro Marcelo Queiroga, disse que a estratégia está em avaliação, mas qualquer ação neste sentido só irá ocorrer após a publicação de mais evidências científicas sobre o assunto e depois que todos os adultos completarem a vacinação. Diversos estudos sobre a eficácia da terceira dose, com diferentes imunizantes, incluindo a CoronaVac estão em andamento no país. Resultados são esperados em breve.

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