Uma nova opção de tratamento para crianças e adultos com deficiência do hormônio do crescimento (GH) com aplicação subcutânea semanal, por meio de uma “caneta”, foi liberada no Brasil nesta segunda-feira, 25, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O anúncio foi feito pela farmacêutica Novo Nordisk, que informou que a somapacitana (de nome comercial Sogroya) reduz em 85% o número de aplicações por ano, fator que ajuda na adesão ao tratamento.
O hormônio do crescimento (Growth Hormone, em inglês) é produzido pela hipófise, glândula localizada no cérebro, e está ligado à estatura, ao desenvolvimento corporal, além de ter participação no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras. A pessoa pode nascer com o déficit ou ter a condição adquirida, como em casos de tumores na base cerebral.
O que muda entre o novo medicamento e as terapias atuais é a forma de administração, pois ele apresenta a mesma eficácia e é tão bem tolerado quanto a somatropina, de uso diário. Dessa forma, o número de doses anuais cai de 365 para 52.
“Atualmente, o tratamento é feito com hormônio de crescimento recombinante em injeções diárias subcutâneas aplicadas à noite. Então, o principal diferencial dessa medicação é que ela reduz o número de injeções que o paciente precisa fazer: em vez de aplicar injeções todos os dias, essa medicação permite a injeção uma vez por semana, porque tem uma vida média que permite ficar no organismo durante sete dias”, explica César Luis Boguszewski, presidente da Comissão Internacional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Em crianças, a deficiência é notada pela redução da velocidade de crescimento. Nos adultos, torna-se mais difícil, por ser uma condição hormonal rara e com sintomas que podem ser confundidos com outras doenças, como aumento da massa gorda, queda da massa magra, diminuição da massa óssea e aumento de marcadores inflamatórios.
O fármaco vem em uma caneta portátil e pronto para uso, mas a data de lançamento no Brasil ainda não foi anunciada. O valor do tratamento também não foi divulgado, porque não tem preço definido e aprovado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Assim como a somatropina, a venda será sob prescrição médica e com retenção da receita.
“Embora tenhamos observado melhoras no cenário do tratamento para pessoas com deficiência de hormônio de crescimento, ainda havia um ônus significativo para as crianças, seus cuidadores e adultos para administrar uma injeção diariamente. Aplicações frequentes podem contribuir para uma menor adesão”, disse, em nota, Erika Miyamoto Fortes, gerente médica da Novo Nordisk.
Em ensaios de fase 3, o medicamento semanal apresentou velocidade de crescimento de 11,2 cm/ano. Com a dose diária, o índice foi de 11,7 cm/ano.