Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Ingerir álcool ilegal pode trazer riscos à saúde

O álcool ilegal inclui bebidas caseiras ou artesanais, bebidas contrabandeadas e “substitutas”. No Brasil, o consumo desses produtos chega a 17%

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 fev 2018, 19h56 - Publicado em 6 fev 2018, 13h24

Você já ouviu falar em álcool ilegal? Mesmo que não conheça o termo, você provavelmente já viu e é provável que já tenha até consumido alguma bebida dessa categoria. Isso porque o álcool ilegal ou não registrado não abrange apenas bebidas contrabandeadas e “substitutas” (inapropriadas para ingestão humana, como perfumes, produtos de limpeza e até combustíveis), mas também aquelas fabricadas informalmente, chamadas de caseiras ou artesanais.

 

“No Brasil, a principal bebida ilegal é a cachaça artesanal ou de alambique artesanal, comum em municípios do interior da Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Muitas vezes essa bebida é apresentada de forma charmosa, artesanal, como uma produção de família e ideal para um presente. O sabor é refinado, porém, por ser ilegal não é possível garantir seus componentes nem o teor alcoólico.”, diz Arthur Guerra de Andrade, psiquiatra especialista em dependência química e presidente executivo do Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool (Cisa).

Estima-se que 25% do consumo global de álcool seja ilegal, e essa proporção é mais alta em países de baixa e média renda. Na região das Américas, 14% de todo o álcool consumido é ilegal, de acordo com relatório divulgado em 2015 pela Organização Panamericana de Saúde (Opas). No Brasil, o índice chega a 17%, sendo sua principal fonte bebidas artesanais, como as cachaças.

O álcool ilegal é um grave problema de saúde pública, com graves consequências para a saúde

Arthur Guerra de Andrade, psiquiatra especialista em dependência química e presidente executivo do Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool (Cisa).

A questão é tão preocupante que combater o mercado ilegal de álcool faz parte das áreas-alvo estipuladas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para reduzir o uso nocivo do álcool. Os riscos à saúde associados ao consumo desse tipo de bebida são potencializados por uma associação de fatores que, sozinhos, já representam um risco significativo. São eles: elevado teor alcoólico, ausência de informações no rótulo, perfil socioeconômico dos principais consumidores deste tipo de bebida e preço extremamente acessível formam uma combinação desastrosa.

Continua após a publicidade

Componentes tóxicos

Pesam ainda contra esse tipo de bebida questões relacionadas à produção. Os poucos estudos disponíveis sobre o assunto indicam a presença de componentes nocivos em muitas delas. Uma dessas substâncias tóxicas é o metanol, tipo de álcool improprio para o consumo humano, que aumenta a mortalidade e morbidade do álcool ilegal.

“O álcool legal só é composto por etanol, o metanol é usado em carros e não é feito para ser digerido pelo organismo. Ao entrar no corpo, ele é abrasivo e queima todo o percurso por onde passa”, diz o psiquiatra.

Em países como a Índia e a Rússia, casos de intoxicação por metanol vêm crescendo nos últimos anos. De acordo com uma declaração do Serviço Federal de Vigilância da Rússia sobre Proteção de Direitos do Consumidor e Bem-Estar Humano, aproximadamente 1.200 casos são registrados anualmente, o que significa cerca de 34% de todos os casos de envenenamento relacionados ao álcool. Essa estatística não inclui o surto de intoxicação por metanol em grande escala ocorrido em Irkutsk, na Sibéria, em dezembro de 2016, que levou a 77 mortes.

Continua após a publicidade

No Brasil, em alguns estados do Nordeste, como Pernambuco e Paraíba, de 50% a 70% das marcas de cachaça pesquisadas excediam o limite brasileiro para carbamato de etila (substância com alto potencial cancerígeno). No Maranhão, por sua vez, amostras de tiquira (bebida destilada da mandioca) indicaram a presença de cianeto, carbamato de etila e metais pesados, todos impróprios para ingestão.

Em São Paulo, a venda de “vinho químico” chamou a atenção anos atrás durante a Virada Cultural. A perigosa mistura artesanal de etanol ou metanol e groselha era vendida em garrafas de plástico com valores entre 1,50 e 10 reais. A elevada quantidade de etanol, acima de 90%, aumenta consideravelmente o risco de intoxicação. Para fator de comparação, a graduação alcoólica máxima permitida por lei, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é de 54%.

Riscos

Essas substâncias tóxicas são responsáveis por dores de cabeça e crises renais em curto prazo e, se ingeridas em grandes quantidades, podem causar cegueira e, em casos extremos, até a morte. “O alto teor alcoólico dessas bebidas afeta principalmente o fígado, podendo sobrecarregá-lo. Se o consumo for contínuo, pode levar rapidamente à cirrose.”, ressalta o especialista. Soma-se ainda o risco de contaminações pela falta de higiene no manejo destes produtos.

Continua após a publicidade

Como saber se uma bebida é ilegal?

“Toda bebida legal tem um rótulo, número, produtor, é registrada e vem dentro de uma apresentação validada pela Anvisa e pelo Mapa [Ministério da Agricultura], que inclui uma orientação para evitar o consumo excessivo. O clandestino é feito de forma doméstica, sem esse cuidado e sem rotulo”, explica Guerra.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.