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Imunidade contra o coronavírus pode durar anos, indicam novos estudos

A descoberta ajuda a encerrar um dos maiores temores em relação ao vírus, o de que a sua proteção teria vida curta

Por Matheus Deccache Atualizado em 28 Maio 2021, 17h17 - Publicado em 28 Maio 2021, 13h08

Dois novos estudos indicam que a imunidade contra o novo coronavírus pode durar pelo menos um ano, com possibilidades de melhorar ainda mais, principalmente após a vacinação. As novas descobertas ajudam a encerrar um dos maiores temores em relação ao vírus, o de que a sua proteção teria vida curta.  

Combinados, os novos estudos sugerem que aqueles que tiverem sido infectados pelo coronavírus e tenham tomado a vacina não precisarão de novas aplicações. Já para aqueles que nunca foram infectados, o que tende a ser minoria, novas doses de imunizantes provavelmente ainda serão necessárias.  

De acordo com uma das pesquisas, publicada  na revista Nature, as células que adquiriram memória contra o vírus localizadas na medula óssea podem produzir anticorpos sempre que necessário. Já o outro estudo, publicado no bioRxiv, repositório aberto de pré-publicações, essas células são chamadas de “memória B” e continuam se fortalecendo e amadurecendo por pelo menos um ano após a infecção.  

LEIA TAMBÉM: Uma vacina contra a Covid-19 desenvolvida no Brasil e na Argentina

Os estudos podem servir para acalmar um temor que circundava a população mundial desde o início da pandemia: de que a imunidade do vírus sejaa temporária, como ocorre com outros vírus respiratórios e até mesmo outros tipos de coronavírus. Porém, de acordo com Scott Hensley, imunologista da Universidade da Pensilvânia ao New York Times, o problema das reinfecções pode estar muito mais atrelado às variações dos vírus do que à imunidade em si.  

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A memória imunológica produzida após uma vacinação é diferente daquela produzida quando ocorre uma infecção no organismo. Por esse motivo, aqueles que forem imunizados pelas vacinas, mas não desenvolverem a Covid-19 podem precisar de novas atualizações ao longo dos anos.  

Ao encontrar o vírus pela primeira vez, as células memória B rapidamente desenvolvem uma série de anticorpos para conter o avanço da infecção no organismo e, uma vez resolvida a doença aguda, essas células se alojam na medula óssea e passam a bombear doses desses anticorpos frequentemente ao corpo humano.  

Para desenvolver os estudos, os pesquisadores analisaram o sangue de 77 pessoas infectadas pelo coronavírus em intervalos de três meses, iniciando o processo um mês após a infecção. Dos 77, apenas seis precisaram ser hospitalizados. Os níveis de anticorpos desses indivíduos começaram a cair rapidamente quatro meses após a doença e continuaram a cair mais lentamente nos meses seguintes. 

Alguns cientistas atribuem essa queda a uma perda de imunidade, porém outro grupo afirma que este processo é comum: se o sangue mantivesse grandes doses de anticorpos para todos os patógenos que já estiveram em contato com o organismo, ele se transformaria numa espécie de lama espessa. Ao invés disso, enquanto os níveis no sangue caem, as células memória B permanecem na medula óssea, prontas para agir quando necessário.  

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A equipe responsável pelos estudos analisou 19 amostras de medula sete meses após a infecção. Destas, quatro não apresentaram as células, o que significa que algumas pessoas podem carregar poucas delas ou até mesmo nenhuma. A quantidade de amostra de medula obtida para os estudos é vista por muitos médicos como algo notável, uma vez que é muito difícil adquirir essas unidades. 

Após análise do sangue de 63 pacientes que tiveram Covid-19 em um ano, 26 destes tendo recebido pelo menos uma dose da vacina da Moderna ou da Pfizer, foi possível detectar que os anticorpos neutralizantes, necessários para prevenir a reinfecção, permaneceram inalterados entre seis meses e um ano. Desta forma, à medida que as células memória B continuam a evoluir, os anticorpos desenvolvidos foram adquirindo a capacidade de criar proteção para cada vez mais variantes. Essa maturação contínua pode resultar em um “sequestro” de um pedaço do vírus pelo sistema imunológico, treinando-o contra o invasor.  

Após um ano de infecção, pacientes que não foram vacinados apresentaram índices de proteção menores, principalmente contra a variante sul-africana. Desta forma, ficou claro que a vacina aumenta significativamente os níveis de defesa do corpo, podendo aumentar a proteção em até 50 vezes. 

Apesar dos grandes níveis de defesa do corpo humano descobertos nos estudos, não há garantia de que tal imunidade possa ser poderosa o suficiente para proteger o paciente que não tenha sido vacinado, principalmente de potenciais novas variantes. Ao mesmo tempo, aqueles que já tiveram Covid-19 e receberam doses do imunizante manterão os níveis de proteção altíssimos, elevando as chances de não serem infectados novamente. 

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