A enxaqueca pode estar por trás de prejuízos bilionários ao Brasil. Segundo um novo estudo realizado pelo Instituto WifOR, solicitado pela Fifarma (Federação Latino-Americana da Indústria Farmacêutica), o impacto socioeconômico da doença caracterizada por dores de cabeça ultrapassa os 800 bilhões de reais, o que corresponde a 142,9 bilhões de dólares. Esse valor representa quase metade do total das perdas econômicas causadas pela condição em toda a América Latina, somando US$ 304,9 bilhões entre os oito países analisados.
A pesquisa revela que a enxaqueca afeta diretamente a produtividade dos cidadãos, sendo a principal causa de incapacitação entre mulheres. Estima-se que 31,4 milhões de brasileiros convivam com ela, sendo que apenas 40% dos casos são diagnosticados e tratados adequadamente.
Como cerca de 63% desse público é formado por mulheres, a enxaqueca também pode agravar as desigualdades de gênero, já que elas são mais propensas a enfrentar dias de trabalho perdidos ou redução de qualidade de vida devido à dor crônica.
Os mais afetados
As mulheres representam a maioria dos pacientes com enxaqueca, e o estudo aponta que isso está relacionado principalmente a fatores hormonais. As variações nos níveis de estrogênio ao longo do ciclo menstrual podem desencadear crises de dor mais intensas e frequentes. Além disso, as múltiplas responsabilidades que são atribuídas às mulheres , que muitas vezes acumulam funções profissionais e domésticas, aumentam o estresse, um dos principais fatores de risco para o surgimento das crises.
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A enxaqueca também afeta de forma mais intensa as populações vulneráveis economicamente. Fatores como dieta inadequada, sedentarismo e maior exposição ao estresse são mais comuns nas classes baixas, favorecendo as crises dolorosas. Além disso, trabalhadores informais e de baixa renda têm mais dificuldades para acessar o tratamento e, quando incapacitados, enfrentam grandes perdas financeiras por não contarem com proteções trabalhistas adequadas.
Outro ponto crítico é o impacto da enxaqueca na produtividade. Uma pessoa que sofre da condição perde, em média, 19,5 dias de trabalho por ano, o que contribui significativamente para o prejuízo econômico. Para compensar as perdas acumuladas nos últimos cinco anos, cada brasileiro acima de 15 anos precisaria trabalhar 4,3 dias a mais.
Além do Brasil, países como México, Argentina e Chile também sofrem com os altos custos associados à enxaqueca. Embora o Brasil seja líder em termos de prejuízo econômico total, a Argentina registra a maior perda per capita, com US$ 1.091 por pessoa. Isso evidencia como a enxaqueca não afeta apenas a saúde dos indivíduos, mas também o desempenho das nações.
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Desafios e esperanças para o futuro
Embora a compreensão sobre a enxaqueca e o desenvolvimento de novas terapias tenham avançado, o estudo destaca que o caminho para um diagnóstico e tratamento eficazes ainda é repleto de desafios. No Brasil, estima-se que os pacientes levam, em média, de 7 a 10 anos para receber o diagnóstico correto e o tratamento adequado.
Entre as principais barreiras estão o difícil acesso a especialistas e os altos custos dos medicamentos. Além disso, muitos abandonam o tratamento: metade o faz após seis meses e mais de 80% desiste ao final de um ano.
Porém, há motivos para otimismo. A ciência médica tem feito progressos significativos no tratamento. Nos últimos 35 anos, desde a introdução da Classificação Internacional de Transtornos de Cefaleia (ICHD), estamos presenciando uma verdadeira revolução nas terapias. Novas opções de tratamento agudo e preventivo estão surgindo, proporcionando alívio para milhões de pessoas que sofrem com a doença.
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