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Idor se une à UCLA para desenvolver área de biologia quântica no Brasil

Parceria do Instituto brasileiro com a Universidade da Califórnia, em Los Angeles, permitirá conectar grupos do país com pesquisadores de todo o mundo

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 set 2021, 20h13 - Publicado em 29 set 2021, 11h09
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  • O Instituto D´Or de Pesquisa e Ensino – Idor – anunciou com exclusividade a VEJA uma parceria inédita com a Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA, na sigla em inglês), para a criação do Centro de Biologia Quântica, na universidade americana. O projeto busca contribuir para o desenvolvimento da biologia quântica, uma área pioneira não só na ciência brasileira, mas mundial. “Com um apoio como esse, o Brasil pode tem um enorme potencial de se tornar um protagonista dessa área que pode ajudar a desenvolver novos diagnósticos e terapias”, diz a VEJA a engenheira quântica brasileira Clarice Aiello, líder do Centro de Biologia Quântica na UCLA.

    A biologia quântica é o encontro de duas áreas de conhecimento: a biologia, que estuda a vida e os organismos vivos, e a física quântica, que trata de fenômenos que ocorrem na esfera atômica ou subatômica, ou seja, envolvendo partículas como elétrons, prótons, e fótons.  Já existem evidências de que a mecânica quântica rege fenômenos no campo biológico, por exemplo no funcionamento de enzimas, que catalisam reações químicas no organismo. Parece que outros processos, como o controle metabólico e a respiração celular também sofrem implicações quânticas. Segundo o neurocientista Jorge Moll Neto, cofundador do Idor e presidente do conselho administrativo do Instituto, a fotossíntese é o caso mais consolidado. “A alta eficiência energética desse processo indica que ele é resultado de algum tipo de mágica associado ao papel da mecânica quântica em seres biológicos”, afirma a VEJA.

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    No entanto, isso ainda precisa ser comprovado e entendido. E é justamente isso o que essa nova área busca fazer. “A maioria dos físicos acredita que fenômenos quânticos não podem acontecer em organismos biológicos porque eles aconteceriam em uma escala temporal tão pequena que não importaria para a nossa vida real ou tão rápido que não teriam influência nos sistemas biológicos ou ainda porque o organismo é quente demais para que isso aconteça. Mas diversas evidências sugerem que fenômenos quânticos acontecem sim em seres biológicos e é isso o que a biologia quântica quer descobrir. Será que a natureza se apropriou desses mecanismos quânticos para fazer coisas, que parecem fazer mágica, no mundo clássico? Se as evidências se confirmarem, teremos muita coisa revolucionária acontecendo na medicina”, diz o neurocientista.

    As potenciais aplicações dos achados dos estudos na área podem ir desde novas ferramentas de diagnóstico até o desenvolvimento de tratamentos médicos. A ressonância magnética é o exemplo de um processo quântico que foi instrumentalizado para a área médica, provocando uma grande revolução no exame de órgãos e estruturas biológicas.

    As ideias para a aplicação do conhecimento da biologia quântica tendem a se concentrar em duas áreas principais: a engenharia bioinspirada, em que o design de novas tecnologias é guiado pela compreensão de como a natureza projetou os seres vivos e a investigação sobre como a fisiologia humana e de outros organismos pode ser influenciada pela manipulação dos efeitos quânticos.

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    “Na década de 1970, a maioria dos físicos achava que a computação quântica nunca iria acontecer e isso está acontecendo. A computação quântica está virando realidade, com diversas aplicações e muito investimento no campo. A biologia quântica hoje está como a computação quântica há 20 anos. Por isso, agora é o momento de investir nisso e estimular pesquisadores para pular nesse terreno e explorar esse campo”, diz Moll Neto.

    O centro, sediado no California NanoSystems Institute (CNSI), está localizado dentro do campus da UCLA e pretende formar uma rede internacional de pesquisadores multidisciplinares e com interesses em biologia quântica para promover encontros para troca de ideias e favorecer o desenvolvimento de projetos de pesquisa na interface da física com a biologia.

    A parceria para desenvolvimento da biologia quântica é o primeiro projeto de uma iniciativa maior do Idor, chamada Idor Global – Ciência Pioneira. O próximo passo é apoiar bolsas de estudo na área dentro e fora do Brasil.  O programa visa aportar 500 milhões de reais em 10 anos para pesquisa fundamental em áreas de ciência pioneira e de fronteira do conhecimento, como entre biologia e física, matemática e medicina. “É para onde a ciência está indo. É por esses caminhos que os grandes desafios científicos serão respondidos”, acredita Clarice.

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    Neste sentido, e já atuando dentro da parceria com a UCLA, o Idor está sendo precursor no Brasil em fomentar e estimular a formação da comunidade de biologia quântica no país. Segundo Moll Neto, existe um projeto dentro do escopo de biologia quântica que envolve o Idor, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal de Minas Gerais. “Queremos saber se existem fenômenos de ordem quântica que se preservam na percepção visual humana. Existem alguns indícios de que isso possa ser verdade”, diz o neurocientista.

    Além disso, o Instituto promove reuniões e ciclos de palestras sobre o assunto. No primeiro encontro, realizado em agosto, participaram cerca de 100 pesquisadores das áreas de física e biologia, a maioria formada por PhDs (42%), seguidos por alunos de graduação (20%) e doutorandos (14%). Já o ciclo de palestras Quantum Bio Brasil  Talks, realizado mensalmente, on-line, na última sexta-feira do mês, aborda temas de interesse da área. Os encontros são abertos e gratuitos.

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