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HIV chegou aos EUA muito antes do ‘paciente zero’, revela estudo

Um novo estudo mostrou que Gaétan Dugas não foi o primeiro a levar o vírus para os Estados Unidos. O vírus teria chegado no país no início da década de 70

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 20h11 - Publicado em 27 out 2016, 12h48

A conclusão de um novo estudo veio para inocentar um dos pacientes mais demonizados na história. Gaétan Dugas, mundialmente conhecido como ‘paciente 0’ por supostamente ter sido a primeira pessoa com HIV nos Estados Unidos, e acusado de ser o responsável pela epidemia de aids no país na década de 1980. Uma pesquisa publicada na quarta-feira na revista científica Nature, mostrou que o vírus chegou aos EUA alguns anos antes de Dugas e que ele era apenas mais uma das milhares de pessoas infectadas na década de 1970.

De origem canadense, Dugas era um comissário de bordo homossexual, que passou a visitar os Estados Unidos após ser contratado pela empresa aérea Air Canadá.

Médicos e cientistas só identificaram a aids e o HIV a partir de 1981, quando os sintomas incomuns da infecção começaram a aparecer em homens americanos homossexuais. Mas, ao analisar amostras de plasma colhidas em homens que moravam em São Francisco e Nova York, ambas nos Estados Unidos, em 1978 e 1979, pesquisadores da Universidade do Arizona, também nos EUA, descobriram que essas pessoas estavam contaminadas com o HIV desde a década de 1970 e, portanto, muito antes da chegada de Dugas ao país. Essas amostras haviam sido colhidas para uma pesquisa sobre hepatite e permaneceram armazenadas desdes então. 

Os pesquisadores também analisaram o código genético do HIV encontrado no sangue de Dugas e concluíram que ele era bem diferente daqueles encontrados nos pacientes da década de 1970. Ou seja, o vírus em seu sangue não era o “pai” da epidemia da doença.

“As amostras contêm tanta diversidade genética que não poderia ter se originado no final de 1970. Podemos colocar as datas mais precisas sobre as origens da epidemia nos EUA em cerca de 1970 ou 1971.”, disse Michael Worobey, um dos autores do estudo.

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Após essa descoberta, os pesquisadores desenvolveram um novo método para reconstruir o código genético do vírus nesses pacientes. Isso deu aos cientistas informação suficiente para a construção de uma árvore genealógica de HIV capaz de traçar quando o vírus chegou aos EUA.

O novo estudo concluiu que depois de saltar de primatas para seres humanos na África, o HIV se espalhou para países do Caribe por volta de 1967 e teria chegado a Nova York em 1971 e a São Francisco, na Califórnia, em 1976. Os pesquisadores afirmam também que, Nova York foi um importante centro de disseminação da infecção.

“Geograficamente, Nova York aparece como um ponto fundamental para o surgimento esse subtipo do vírus [encontrado no estudo], e ainda atua como o ponto de partida do vírus para a costa oeste [onde fica a Califórnia] e, eventualmente, para a Europa Ocidental, Austrália, Japão, América do Sul e todos os outros lugares “, disse Worobey.

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O paciente 0

O apelido ‘paciente 0’ na verdade foi um mal entendido. Gaétan Dugas foi rotulado pelo Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, como ‘paciente O’ (a letra, não o número) porque ele era um caso de pessoa ‘fora da Califórnia’ que em inglês é ‘Out-of-California’. Mas, ao longo do tempo o ‘O’ (letra) tornou-se um 0 (número), dando origem ao termo pelo qual ficou mundialmente conhecido.

Gaétan teria sido contaminado pelo vírus durante alguma de suas visitas ao Haiti ou à África e começou a espalhar o vírus pelos Estados Unidos após ser contratado pela Air Canada em 1974 e começar a frequentar bares gays em Nova York. 

 

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