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Hantavirose: conheça a doença que deixou a Argentina em alerta

Em menos de dois meses, foram registrados 28 casos, com 10 mortes; segundo autoridades, o surto tem origem na cidade de Epuyén, na Patagônia argentina

Por Redação
Atualizado em 14 jan 2019, 19h35 - Publicado em 14 jan 2019, 17h13

Entre dezembro do ano passado e o último sábado, a Argentina contabilizou dez mortes relacionadas à hantavirose, doença grave causada pelo hantavírus e transmitida por roedores silvestres. Segundo a BBC, registros de contágio por hantavírus são comuns na América Latina, inclusive no Brasil, onde foram notificados 13.181 casos (apenas 8% foram confirmados) e 410 mortes entre 2007 e 2015 .

O motivo da preocupação na Argentina é o número de vítimas fatais em um curto período de tempo e a suspeita de que todos os infectados possam ter contraído a doença de outras pessoas – a contaminação ocorre geralmente por meio da inalação de partículas de urina, fezes e saliva de roedores, e não por contato com outros humanos contaminados. Por causa disso, os casos de hantavírus costumam ser isolados.

No entanto, no país vizinho, foram notificadas 28 pessoas infectadas, com uma alta concentração de casos numa mesma localidade: todas as mortes e contaminações aconteceram na cidade de Epuyén, na província de Chubut, na Patagônia argentina. Uma das vítimas era uma mulher chilena de 29 anos que contraiu a doença no país.

Origem do surto

De acordo com as autoridades sanitárias da Argentina, o surto teve origem na festa de aniversário de uma jovem de 14 anos realizada em 24 de novembro. Os indícios mostram que um homem presente na celebração contraiu o hantavírus enquanto limpava um galpão em desuso, onde havia saliva, fezes ou urina de roedores. Apesar de a forma mais comum de contágio se dar por inalação de pó produzido pela urina dos ratos, em casos raros, a transmissão entre humanos pode acontecer nos primeiros dias da infecção. É o que parece ter acontecido em Epuyén.

“Foram analisadas 400 amostras, dentre as quais as de todos os presentes no aniversário”, esclareceu o Instituto Malbrá, ligado ao Ministério da Saúde da Argentina, à BBC News Mundo. A imprensa local informou que cerca de cinquenta pessoas que estiveram na festa estão em quarentena em suas residências. A adolescente de 14 anos foi a primeira vítima: a morrer, no dia 3 de dezembro, dez dias após a festa. Outras seis pessoas que estiveram no evento morreram entre dezembro e os primeiros dias de 2019.

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Na semana passada, o governo de Chubut anunciou que duas mulheres e um jovem de 16 anos também morreram em decorrência do hantavírus – os três estavam internados em um hospital de Esquel, cidade próxima ao local da festa. A morte da mulher chilena foi anunciada no último sábado pela Secretaria de Saúde de Los Lagos, no Chile. O homem que teria dado origem ao contágio e sua esposa ficaram doentes, mas se recuperaram. A taxa de mortalidade da hantavirose é de 38%, segundo a informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Alerta

Apesar de todos os casos estarem ligados à Epuyén – inclusive o da mulher chilena que morreu – as autoridades estão em alerta para a possível disseminação do vírus. Isso porque dois casos foram registrados nos arredores de Chubut; por causa disso, foram suspensas três celebrações tradicionais que aconteceriam na região. As autoridades locais ainda estudam estabelecer um isolamento obrigatório para cerca de sessenta vizinhos contaminados.

Entre as preocupações está a possibilidade de o hantavírus ter sofrido mutações, o que pode tê-lo tornado mais letal, e o perigo da disseminação pelo vapor da saliva, facilitando a propagação da doença. Ainda assim, especialistas insistem que não deve haver pânico. “Em Epuyén vivem cerca de 2,5 mil pessoas, das quais 24 casos deram positivo. Não devemos alarmar a comunidade”, disse Jorge Elias, do Ministério da Saúde de Chubut, à BBC.

Hantavírus

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a hantavirose em humanos pode causar duas formas clínicas da doença: a febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR) – mais comum na Ásia e Europa – e a síndrome cardiopulmonar por hantavirus (SCPH) – que ocorre nas Américas.

Além da contaminação por meio da inalação de pequenas partículas formadas a partir da urina, fezes ou saliva de roedores infectados, é possível  contrair a doença de forma percutânea (através de escoriações na pele ou mordida de ratos); ao tocar a mucosa (olhos, boca ou nariz) com as mãos contaminadas por excretas de roedores; e através da transmissão de pessoa para pessoa (relatada de forma esporádica na Argentina e Chile e sempre associada ao hantavírus Andes). 

A doença tem um período de incubação média de duas a três semanas, com variação de três a sessenta dias. A hantavirose provoca sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dores musculares e de cabeça, calafrios, náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal. O quadro pode se agravar e provocar dificuldades respiratórias, levando o paciente a experimentar febre, dificuldade para respirar, respiração e batimentos cardíacos acelerados, tosse seca, pressão baixa e edema pulmonar não cardiogênico. Quando isso ocorre, há maior risco de insuficiência respiratória aguda e choque circulatório.

De acordo com o Ministério da Saúde, não existe tratamento específico para as infecções por hantavírus, e as “medidas terapêuticas são fundamentalmente de suporte”. Ou seja, de manejo dos sintomas.

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