Fiocruz desenvolve sistema de alerta para risco de surtos infecciosos
Projeto em parceria com UFRJ coletará dados de vigilância para antecipar ações de órgãos de saúde contra patógenos com potencial de desencadear pandemias
Desde 1952, o vírus influenza, causador da gripe, é monitorado por sistema global de vigilância que tem garantido ações preventivas e atualização dos imunizantes disponíveis, evitando, assim, que populações vulneráveis sejam impactadas pela doença que pode levar à morte. Desde a pandemia de Covid-19, ficou claro que não basta monitorar um patógeno. É necessário ter um olhar atento para microrganismos com potencial de desencadear emergências em saúde pública. É neste cenário que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal do Rio do Janeiro (UFRJ) estão desenvolvendo um sistema não só para vigilância epidemiológica, mas para emissão de alertas precoces ao se deparar com surtos infecciosos.
Um estudo sobre o ÆSOP, como o sistema foi batizado, foi publicado no periódico Journal of Medical Internet Research (JMIR) Public Health and Surveillance, onde o modelo e sua implementação receberam reconhecimento internacional.
“A publicação apresenta ao mundo a importância de um olhar inovador para a combinação de abordagens digitais e moleculares usando fontes de dados alternativas e de saúde em um sistema de vigilância de última geração, capaz de antecipar surtos com potencial pandêmico”, explicou, em nota, Pablo Ramos, vice-coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).
Segundo Ramos, a ferramenta poderá ser usada para complementar os sistemas usados atualmente e construir um sistema de vigilância de ponta. “Agora, estamos trabalhando na consolidação do sistema, garantindo que os alertas possam ser dados ao Ministério da Saúde em breve.” Com as informações, o ministério poderá enviar alertas para gestores de saúde de vigilância nos estados e municípios.
Como funciona?
O ÆSOP (Sistema de Alerta Antecipado de Surtos com Potencial Pandêmico) utiliza dados digitais de saúde de diferentes fontes para o monitoramento de síndromes respiratórias agudas.
Ao identificar uma doença infecciosa em surto, o sistema aciona as autoridades de saúde nacionais para que as respostas em saúde pública sejam ativadas de forma antecipada. A meta é ampliar os patógenos detectados para que a plataforma identifique outras condições capazes de causar pandemias.
Parcerias em vigilância
Especialistas ao redor do mundo têm destacado a importância de redes de monitoramento para evitar atrasos nas respostas diante de situações de emergência em saúde pública.
Além de iniciativas locais, há uma tendência de parcerias regionais para fortalecer a vigilância. Um exemplo é o acordo recém-firmado entre Brasil e Argentina detecção precoce de riscos à saúde pública.
O projeto prevê o intercâmbio de técnicos da área de saúde dos dois países para atividades de cooperação e dar suporte aos trabalhos realizados, assim como uso de instalações tanto na Argentina como no Brasil para o desenvolvimento das ações realizadas.