Fazer o bem faz bem para a saúde, diz estudo brasileiro
Levantamento foi realizado com voluntários, colaboradores e residentes em instituição de longa permanência para idosos
Já dizia o ditado: “bondade em balde é devolvida em barril”. Quem replica essa prática, provavelmente espera algum retorno de companheirismo ou até espiritual. Entretanto, um estudo realizado pelo Einstein aponta que também há a recompensa factível – e nossa saúde agradece.
Realizado com voluntários, colaboradores e residentes do Residencial Israelita Albert Einstein (RIAE), a investigação teve como objetivo avaliar o impacto de atividades voluntárias em quem as realizava. Para isso, os pesquisadores usaram um projeto de pré-teste e pós-teste dentro do mesmo grupo, a fim de identificar se haveria alguma diferença.
A primeira rodada de coleta de dados foi realizada antes das atividades lideradas por voluntários e a segunda rodada, após um mês. Ao todo participaram 79 pessoas, sendo: 29 residentes, 27 voluntários e 23 colaboradores do RIAE.
“Nosso objetivo foi evidenciar de forma científica se realmente fazer o bem, faz bem. E conseguimos”, afirma Carla Patrícia Grossi, coordenadora assistencial do Residencial. A pesquisa indicou melhorias após o retorno de 1 mês em diferentes aspectos da qualidade de vida para os três grupos. Voluntários apontaram melhoras nas suas relações pessoais (30%), residentes na sua saúde geral, com a volta das atividades (52%) e colaboradores na sua qualidade de vida (35%).
Depoimentos
O levantamento também contou com a coleta de depoimentos de integrantes dos três grupos. Entre os voluntários, frases como “Eu me sinto útil”, “Minha autoestima física e emocional disparou” e “Ajudar os outros me ajuda muito” foram repetidas por diversas pessoas.
Entre os colaboradores, ressaltou-se a importência da retomada à normalidade, em especial a rotina dos idosos. “A alegria deles é evidente”.
Já os próprios idosos relataram que ao interagir mais com as pessoas, tiveram uma melhora no bem-estar físico. “Conhecer pessoas foi importante. Após o retorno, passamos a fazer pizza aos sábados para reunir e contar histórias”, disse um residente.
Atualmente o RIAE tem 114 idosos com idades entre 63 e 105 anos, e conta com uma equipe multidisciplinar de 269 profissionais, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, administrativos, cuidadores, higiene, nutrição e profissionais de manutenção. Entre os voluntários, são 92 pessoas.
“Estamos falando de um lugar acolhedor, com moradores com muitas histórias e uma força de vida muito grande. Ter uma restrição de contato foi difícil para eles e todos nós, mas resgatar o que tínhamos nos mostrou a grandeza que é viver, trocar e ajudar o outro”, comenta Telma Sobolh, presidente do Voluntariado Einstein, que atua com um time de voluntários no RIAE desde 2003. O grupo conduz atividades culturais, de entretenimento e acolhimento, oferecendo opções de lazer e proporcionando um cotidiano saudável aos que ali residem.