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Ecstasy é usado (com sucesso) no tratamento contra o alcoolismo

Estudo mostra que o uso da droga, associada ao acompanhamento psicológico é mais eficiente na superação do vício se comparado aos tratamentos tradicionais

Por Redação
Atualizado em 20 ago 2019, 10h46 - Publicado em 19 ago 2019, 17h49

Pesquisadores britânicos descobriram que o uso do ecstasy – uma droga alucinógena – pode ser uma forma segura e eficaz de tratar o alcoolismo. Segundo a equipe, a utilização da substância em conjunto com a psicoterapia é mais eficiente na superação do vício se comparado aos tratamentos tradicionais – nos quais 80% dos alcoólatras têm uma recaída dentro de três anos após o início da desintoxicação.

“Com o uso do ecstasy, nós temos uma pessoa que recaiu completamente, de volta a níveis anteriores de bebida; cinco pessoas completamente livres do vício e quatro ou cinco que tomaram uma ou duas bebidas, mas não alcançaram o diagnóstico de alcoolismo”, explicou Ben Sessa, psiquiatra do Imperial College London, na Inglaterra, ao The Guardian

De acordo com os pesquisadores, o bom desempenho do ecstasy no tratamento está relacionado ao fato de que a substância interfere nas respostas do organismo ao medo. Eles explicam que a maior parte do vício em álcool é baseada em traumas que podem vir desde a infância; ou seja, as pessoas podem ser sobrecarregadas por memórias do passado e o medo provocado por elas leva ao consumo abusivo de álcool.

No entanto, com o uso da droga, esse medo é bloqueado e, consequentemente, a vontade de beber é suprimida. “A psicoterapia com ecstasy oferece ao paciente a oportunidade de lidar com narrativas pessoais baseadas em traumas. É a droga perfeita para esse tipo de terapia focada no trauma”, comentou Sessa.

Esse não é o primeiro trabalho a mostrar a atuação do ecstasy nos mecanismos cerebrais associados ao medo. Estudo recente mostrou a eficácia da substância no tratamento de casos de transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), um distúrbio de ansiedade causado pela vivência de um momento traumático, incluindo desastres naturais e exposição à violência. Os resultados indicam que 61% dos pacientes não têm mais o transtorno – número alcançado com apenas dois meses de acompanhamento.

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É seguro

Esta primeira fase do estudo dos efeitos do ecstasy no tratamento do alcoolismo visava verificar se a droga era segura. Para isso, a equipe realizou uma triagem, incluindo exames médicos e psicológicos, dos participantes – que passaram por psicoterapia (com psicólogo e psiquiatra) durante oito semanas. Na terceira e sexta semana de terapia, os indivíduos receberam uma dose alta de ecstasy e ficaram oito horas deitados, usado viseiras e fones de ouvido, enquanto eram acompanhados por especialistas.

Ao fim das sessões com ecstasy, os pacientes permaneceram no hospital durante a noite e foram monitorados por telefone ao longo da semana para que a equipe pudesse verificar a qualidade de sono, humor e potencial risco de suicídio – esses dados podem mostrar evidências de abstinência da droga ou sintomas de tristeza provocado por ela.

Para quem usa a droga para fins recreativos, há relatos de sentimentos de tristeza após o uso, mas os resultados mostram que não houve sentimentos conflituosos para os pacientes. Agora, a equipe pretende realizar novas pesquisas envolvendo grupos de controle para confirmar os atuais achados.

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Ecstasy

Nos Estados Unidos, o ecstasy era uma substância de prescrição legal para fins de psicoterapia entre 1970 e 1985; na Suíça, a permissão foi até 1993. Segundo a Revista Pan Americana de Saúde Pública, ele passou a ser proibido após o crescimento no número de casos de jovens universitários usando o medicamento para fins recreativos. Na mesma época, surgiu uma nova droga que provocava danos cerebrais nos usuários, a china white. A partir daí, surgiram rumores de que o ecstasy poderia ter efeitos semelhantes e autoridades de saúde determinaram proibição da substância.

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