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Ex-fumantes tendem a consumir mais fast food e comidas calóricas

A causa pode estar no acionamento de funções cerebrais associadas ao processamento de controle do apetite e do ciclo de recompensa

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 out 2021, 14h00

Um estudo publicado no jornal especializado Journal of Drug and Alcohol Dependence indica que, ao parar de fumar, as pessoas tendem a aumentar o consumo de alimentos considerados “junk foods”, aqueles calóricos e pobres do ponto de vista nutritivo. “As descobertas apontam para o sistema opióide, onde são desempenhadas funções cerebrais responsáveis pela compulsão alimentar e regulação do apetite, como uma possível causa para a preferência do fumante por alimentos altamente calóricos e com alta densidade energética durante a abstinência da nicotina”, diz a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). “Isso pode levar ao ganho de peso para quem deixa o vício, o que, por sua vez, pode aumentar o risco de recaída”, alerta.

O trabalho examinou se e de que forma a abstinência aguda da nicotina aumenta ou não a ingestão da junk food – rica em sal, gordura e açúcar – e como os receptores de alívio do estresse do sistema opióide estão envolvidos. “Mitigar esses desafios durante o processo de tratamento pode ajudar os pacientes a parar de fumar, ao mesmo tempo em que compreende seus hábitos alimentares e encoraja decisões mais saudáveis”, acrescenta a médica.

A equipe estudou um grupo de participantes fumantes e não fumantes com idades entre 18 e 75 anos durante duas sessões de laboratório. Todos foram escolhidos aleatoriamente para retirar o cigarro durante 24 horas, com a administração de um placebo ou 50 mg de naltrexona, medicamento utilizado como antagonista opióide. Ao final de cada sessão, os participantes receberam uma bandeja com itens de lanche que diferiam em densidade de alta a baixa energia e dimensões de salgado, doce e gorduroso. O levantamento concluiu que fumantes submetidos à abstinência de nicotina consumiram mais calorias do que os não fumantes. Esses participantes também foram menos propensos a selecionar alimentos ricos em gordura após a administração da naltrexona do que os integrantes do grupo que recebeu placebo.

Segundo a especialista, as descobertas do estudo podem estar relacionadas ao uso de alimentos, especialmente aqueles ricos em calorias, para lidar com o afeto negativo e a angústia que caracterizam os sentimentos que as pessoas experimentam durante a abstinência do cigarro. “Resultados de pesquisas pré-clínicas e clínicas apoiam isso e demonstram que o estresse aumenta a propensão para alimentos ricos em gordura e açúcar”, explica Marcella.

A naltrexona normalizou a ingestão de calorias para os níveis observados em não fumantes, sugerindo que o sistema opióide pode ser um mecanismo de ingestão de calorias induzido pela abstinência. Uma descoberta nova no contexto da dependência da nicotina e que pode ter muitas implicações para o desenvolvimento de tratamentos futuros.

Agora, os pesquisadores se concentram no impacto das mudanças no apetite e no ganho de peso após a interrupção do vício e na extensão em que essas mudanças impedem a interrupção do tabagismo e o aumento do risco de recaída. Trabalhos futuros serão críticos para identificar os mecanismos dessas mudanças e podem ser direcionados para intervenções terapêuticas. “Essas descobertas estendem os estudos anteriores que indicam o impacto do uso do tabaco no apetite e ajudam a identificar a influência de uma importante ligação biológica no desejo durante a abstinência da nicotina”, diz Garcez. O medo de ganhar peso também é uma grande preocupação entre os fumantes que pensam em parar de fumar. A chave para remover essas barreiras é entender melhor os fatores que aumentam o desejo por alimentos altamente calóricos e buscar acompanhamento nutricional quando decidir largar o cigarro. “Com isso, é possível estabelecer uma estratégia que inclua a prática de exercícios físicos e um plano alimentar adequado para o contexto do paciente, além da administração de suplementos, fitoterápicos e, se for o caso, medicamentos para evitar o ganho de peso e o retorno à dependência do cigarro”, finaliza a nutróloga.

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