A agência regulatória dos Estados Unidos, a FDA (Food and Drugs Administration), concedeu aval para a comercialização de um dos mais aguardados medicamentos para o tratamento da obesidade, a tirzepatida.
O remédio, injetável e semanal, tem a mesma substância do Mounjaro, formulação recém-aprovada no Brasil para o controle do diabetes tipo 2, mas ainda não disponível nas farmácias.
A nova versão, destinada a indivíduos com obesidade (IMC acima de 30 Kg/m2) ou com sobrepeso (IMC maior que 27 Kg/m2) e diagnóstico de problemas de saúde em paralelo, caso de diabetes, hipertensão ou alteração de colesterol e triglicérides, será vendida como Zepbound. A indicação para pacientes acima do peso também foi submetida à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A tirzepatida, desenvolvida pelo laboratório Eli Lilly, simula a ação de dois hormônios naturalmente produzidos pelo corpo, induzindo uma resposta de retardamento do esvaziamento gástrico, aumento da sensação de saciedade e controle dos níveis de açúcar no sangue. Inaugurou, assim, a classe dos agonistas de GLP-1 e GIP (os nomes dos hormônios).
Além de propiciar o equilíbrio glicêmico a ponto de pacientes com diabetes ficarem com exames similares aos de pessoas sem a doença, a tirzepatida tem animado médicos e congressos científicos pelas conquistas históricas em termos de emagrecimento.
Chega ao mercado, nas suas duas formulações, para concorrer com Ozempic e Wegovy, os remédios à base de semaglutida da Novo Nordisk para diabetes tipo 2 e obesidade, respectivamente.
Efeito inédito
“É o tratamento medicamentoso com maior efetividade na redução do peso corporal até o momento”, diz o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da USP de Ribeirão Preto. Em um dos últimos estudos com a tirzepatida, recém-apresentado no Congresso Europeu de Diabetes, na Alemanha, cerca de metade dos pacientes tratados perdeu 26% do peso corporal.
“Claro que há indivíduos que perdem mais e outros que perdem menos peso com a medicação, mas, na média, esse é um número impensável anos atrás”, avalia Couri.
“Mas estamos falando de tratamentos que devem ser utilizados continuamente. Pesquisas mostram que a suspensão está associada à perda dos efeitos no médio prazo”, sublinha o médico, que ainda destaca que a medicação reduziu os níveis de pressão e colesterol entre as pessoas estudadas.
Além dos EUA, o Reino Unido também deu sinal verde para o uso da tirzepatida contra a obesidade. No Brasil, ainda não há previsão de quando isso deve acontecer. A farmacêutica Eli Lilly tampouco sabe quanto será o custo do tratamento semanal por aqui.
“O grande desafio, como sempre, será o acesso da população a esse tipo de medicamento, assim como a falta de políticas públicas para o enfrentamento dessa pandemia de obesidade”, avalia o endocrinologista e colunista de VEJA SAÚDE.