Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Estudo mostra como o medo influencia na evolução da pandemia

De acordo com pesquisadores, análise do comportamento humano pode prever as múltiplas ondas de infecções

Por Simone Blanes
7 ago 2021, 19h56

Desenvolvido por pesquisadores da Escola de Saúde Pública Global da Universidade de Nova York e publicado no Journal of The Royal Society Interface, um estudo matemático, intitulado “Triplo Contágio”, pretende prever surtos de doenças infecciosas desencadeados pelo medo — tanto das próprias enfermidades quanto de vacinas — e assim, entender as várias ondas de infecções em pandemias como as que ocorrem com a Covid-19.

Por séculos, o distanciamento social e a recusa da vacina moldaram a dinâmica das epidemias. Esses modelos tradicionais, no entanto, ignoram completamente os receios que movem o comportamento humano. “Emoções como o medo podem substituir o comportamento racional e induzir as mudanças comportamentais não construtivas”, diz Joshua Epstein, principal autor do estudo e professor de epidemiologia da Escola de Saúde Pública Global da NYU. “Por exemplo, o medo de pegar um vírus como o SARS-CoV-2 pode fazer com que pessoas saudáveis se isolem em casa ou usem máscaras, suprimindo a disseminação. Só que, conforme o contágio é reduzido e o receio diminui, as pessoas começam a abandonar as medidas protetivas, mesmo com muitas infectadas ainda circulando. Isso é um combustível para uma nova onda explodir”, explica. Da mesma forma que o medo da vacina pode fazer com que as pessoas desistam da imunização, e assim, permitam o ressurgimento da doença.

Por meio do “Triplo Contágio”, o pesquisador quer, pela primeira vez, acoplar essas dinâmicas psicológicas aos movimentos da doença, revelando novos mecanismos comportamentais para explicar a persistência da pandemia e suas sucessivas ondas de infecção. “Se as pessoas pensam que a vacina é mais assustadora do que a doença — sejam elas céticas sobre a gravidade da Covid-19 ou por causa de temores infundados alimentados por desinformação — nosso estudo vai mostrar que ao evitar as vacinas, um novo ciclo de doença pode crescer”, acrescenta Epstein. A pesquisa leva em consideração fatores comportamentais como a proporção da população que teme a doença ou a vacina e como os eventos adversos da vacinação podem induzir ao medo, além de se atentar à taxa de transmissão da doença, porcentagem da população vacinada e índices de vacinação.

O estudo reconhece, porém, que o medo não é estático: ele pode se espalhar pela população como resultado de informações incorretas ou atualizações alarmantes, ou ainda sumir com o tempo ou notícias tranquilizadoras. “A neurociência sugere que o medo em si pode ser contagioso, mas também tende a desaparecer ou se deteriorar. Com a nossa pesquisa, as pessoas podem superar seus medos da doença e da vacina – seja com o tempo, quando a prevalência da doença cair, a partir de interações com outras pessoas que se recuperaram da Covid-19 ou foram vacinadas e tiveram efeitos colaterais mínimos ”, detalha Epstein. Assim, o estudo pretende ilustrar que esses dois medos evoluem e interagem de maneiras que moldam o comportamento tanto de distanciamento social e adoção da vacina, quanto o relaxamento dessas condutas, e que essas dinâmicas podem suprimir ou amplificar a transmissão da doença, produzindo ondas múltiplas. “Nosso modelo baseia-se na neurociência do aprendizado, com a extinção e transmissão do medo para revelar novos mecanismos em várias ondas epidêmicas e novas maneiras de pensar sobre como mitigar sua disseminação”, disse Erez Hatna, professor clínico de epidemiologia na Escola de Saúde Pública Global da NYU e co-autor do estudo.

Confira o avanço da vacinação no Brasil:

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.