A Grã-Bretanha e a Ásia estão enfrentando um surto de escarlatina que intriga especialistas. De acordo com a Autoridade de Saúde Pública da Inglaterra (PHE, na sigla em inglês), em 2015, foram registrados 17.586 casos da infecção no país – o número só não ultrapassa os registros de 1967, com 19.305 notificações. As informações são da BBC Brasil.
“Durante os últimos cinco anos, houve mais de 5.000 casos em Hong Kong, o que representa 10 vezes o número médio de casos registrados anteriormente. E foram mais de 100 mil casos na China”, revelou Mark Walker, do Centro de Doenças Infecciosas da Austrália e autor de um estudo publicado na revista científica Scientific Reports em novembro do ano passado.
A escarlatina, uma infecção bacteriana causada por estreptococos do grupo A, atinge principalmente crianças com idades entre 5 e 12 anos. A doença havia ficado relegada ao século passado. Por isso, o “aumento drástico” no número de casos em algumas regiões tem intrigado especialistas, que ainda não conseguiram identificar uma causa para o surto.
Embora análises de amostras de doentes colhidas ao redor do mundo tenham mostrado que as bactérias da escarlatina não são resistentes à penicilina, os autores do estudo publicado na Scientific Reports garantem que o aumento é “muito preocupante”. “Temos agora uma situação que poderia mudar a natureza da doença e fazê-la resistente a vários tratamentos que normalmente são receitados para essas infecções respiratórias, como a escarlatina”, disse Nouri Bem Zakour, uma das autoras do estudo.
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Escarlatina – A escarlatina é considerada uma infecção bacteriana leve, que pode ser tratada com antibióticos. Sua transmissão ocorre pelo contato próximo a pessoas que têm a bactéria – frequentemente encontrada na garganta, portanto é comum a transmissão pela saliva – ou pelo contato com objetos contaminados. Os sintomas incluem dor de garganta, dor de cabeça, febre e vermelhidão na pele.
Em geral, não causa danos mais graves. Se não for tratada, contudo, pode evoluir para uma febre reumática e causar danos permanentes no coração. “Os pacientes que não mostram sinais de melhora dias depois de começarem o tratamento devem buscar ajuda médica urgente”, afirmou Theresa Lamagni, chefe do grupo que monitora infecções causadas por estreptococos.
Na Inglaterra e no País de Gales a escarlatina foi uma infecção comum no início do século 20. Desde então, os números foram reduzindo de maneira gradual, mas voltaram a crescer em 2014. Segundo a PHE, atualmente a Inglaterra regista cerca de 600 novos casos por semana e a estimativa é que o número aumente ainda mais durante a temporada típica da infecção no país, entre o fim de março e meados de abril.
(Da redação)