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Redução de estômago já pode ser usada para tratar diabetes

O procedimento é indicado para o tratamento do tipo 2 da doença, quando o paciente não responder a intervenções clínicas prévias

Por Da Redação
Atualizado em 11 dez 2017, 15h52 - Publicado em 8 dez 2017, 13h15

O Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou na quinta-feira a cirurgia metabólica, também conhecida como cirurgia bariátrica ou de redução de estômago, para o tratamento do diabetes tipo 2 (DM2). De acordo com a Resolução nº 2.172/2017, são elegíveis à intervenção pacientes com índice de massa corpórea (IMC) entre 30 kg/m2 e 34,9 kg/m2 (o que inclui pessoas com sobrepeso e obesidade grau I), que não tenham conseguido controlar à doença com medicamentos. O texto entrará em vigor após ser publicado no Diário Oficial da União.

Até a publicação dessa resolução, o procedimento era realizado no país apenas em caráter experimental ou em pacientes com IMC mínimo de 35 (o que configura obesidade moderada) e doenças associadas. A mudança definida pelo CFM segue padrões já adotados em outros países da Europa e nos Estados Unidos e tem como objetivo o controle do diabetes.

O diabetes tipo 2 ocorre quando o organismo de uma pessoa torna-se resistente à insulina, o hormônio que controla os níveis de glicose no sangue. O excesso de peso é um fator de risco importante para a doença. Em geral, a doença é controlada por meio da aplicação de injeções de insulina e de outros medicamentos. Mas, nos últimos anos, diversas linhas de pesquisa têm analisado o papel da cirurgia bariátrica ou metabólica, popularmente conhecida como redução de estômago, para o controle eficaz da doença em longo prazo.

Critérios para a cirurgia

Além do IMC e do tratamento prévio, os pacientes poderão ser elegíveis ao procedimento se apresentarem: idade mínima de 30 anos e máxima de 70 anos; diagnóstico definido de diabetes tipo 2 a pelo menos de 10 anos e não possuir contraindicações para o procedimento cirúrgico.

Técnica

O conselho determina que a técnica cirúrgica aplicada em pacientes com diabetes seja a derivação gastrojejunal em Y-de-Roux (DGJYR). Em casos de contraindicação, a opção disponível é a gastrectomia vertical (GV). Nenhuma outra técnica cirúrgica é reconhecida para o tratamento desses pacientes.

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A intervenção só poderá ser realizada em hospitais de grande porte que realizem cirurgias de alta complexidade, com plantonista hospitalar 24h, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de equipes multidisciplinares e multiprofissionais experientes no tratamento de diabetes e cirurgia gastrointestinal.

Reconhecimento

Diversos estudos já mostraram que a cirurgia metabólica é segura e eficaz no tratamento do diabetes, com resultados positivos de curto, médio e longo prazos. Alguns benefícios da intervenção, além do controle da doença, são a redução do risco cardiovascular e perda de peso significativa e sustentada a longo prazo.

Desde 2011, entidades médicas de todo o mundo vem introduzindo a cirurgia metabólica no tratamento de diabetes tipo 2. Em 2016, 49 associações  de diferentes países revisaram as recomendações para o tratamento da doença e reconheceram o procedimento como opção eficaz e segura de terapia para o controle glicêmico em pacientes que não respondem aos medicamentos. No Brasil, a decisão do CFM busca reduzir as taxas de morbimortalidade por meio do controle da doença.

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Epidemia

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de adultos com diabetes tipo 2 quadruplicou nas últimas quatro décadas, passando de 108 milhões de pessoas em 1980 para 422 milhões atualmente. No Brasil, a porcentagem de pessoas com a doença passou de 5% para 8,1% no mesmo período. Em 2014, foram 71.700 mortes causadas no país pela doença.

O que diz a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

Em posicionamento enviado por e-mail, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) afirma que “não é contrária a cirurgia, e acredita que existem pacientes que podem ser beneficiados com ela. Porém, ainda há poucos estudos científicos com pacientes exatamente dentro desse IMC acompanhados por muito tempo. Isso levanta várias questões científicas e clínicas a respeito da indicação de cirurgia e o acompanhamento dos casos, especialmente o que fazer 5 ou 10 anos após o procedimento caso o resultado seja negativo.

Está claro que a indicação dessa cirurgia só poderia ser feita por um médico endocrinologista, que é o único especialista com conhecimento suficiente para tentar responder as perguntas que os trabalhos científicos ainda não responderam de maneira clara e precisa.[…] Outro ponto importante é que, tanto a cirurgia bariátrica quanto a cirurgia Metabólica não retiram a necessidade de dieta e atividade física como tratamento. Todo paciente precisa ser muito bem informado disto, pois se ele não adere ao tratamento clínico (não toma os medicamentos corretamente, não cuida da alimentação e não faz exercícios físicos), fazer uma cirurgia Metabólica simplesmente não resolverá a situação.”

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