Crianças que usam tablets ou celulares todos os dias dormem menos
Novo estudo mostra que os impactos negativos no sono provocados por esses dispositivos podem ser identificados em crianças com apenas seis meses de idade
O uso diário de smartphones e tablets pode prejudicar o sono de bebês e crianças, revela um estudo publicado na última sexta-feira no periódico Scientific Reports. Segundo os pesquisadores, os pequenos passam a dormir menos e demoram mais para pegar no sono quando brincam com esses dispositivos todos os dias. Esse efeito pode ser observado inclusive em bebês a partir de seis meses de idade.
Os cientistas descobriram que, a cada hora de uso diário dos aparelhos, as crianças dormem 16 minutos a menos em um período de 24 horas. Como o sono é um fator importante para o desenvolvimento cognitivo, os pesquisadores acreditam que a descoberta aponta para um hábito preocupante e muito comum atualmente. “Esses resultados indicam que a popularidade e acessibilidade de dispositivos touchscreen (aparelhos controlados pelo toque) levou a níveis mais altos de uso por crianças e bebês, e isso está associado à redução do sono”, afirmou em comunicado o líder do estudo, Tim Smith, do centro de pesquisas Birkbeck, que pertence à Universidade de Londres, no Reino Unido.
Os pesquisadores fizeram um questionário com 715 pais e mães sobre o uso diário de dispositivos touchscreen e os hábitos de sono dos seus filhos. Os resultados mostraram que, no total, 75% das crianças e bebês – todos com idades entre seis meses e três anos – usavam os aparelhos diariamente. Entre os mais novos, de até 11 meses, o uso diário estava presente em 51% dos casos, enquanto entre os mais velhos, de até três anos, o hábito teve uma prevalência de 92%.
Analisando os dados, Smith e sua equipe descobriram que os pequenos que passavam mais tempo utilizando os aparelhos dormiam menos durante a noite e, apesar de dormir mais durante o dia, ainda tinham um total de horas de sono menor do que a média. Eles também repararam que as crianças demoravam mais para pegar no sono quando utilizavam celulares e tablets com mais frequência.
Porém, antes de proibir completamente os filhos de utilizar dispositivos, Smith afirma que outros estudos são necessários para compreender como esse fenômeno ocorre e qual é a melhor maneira de evitá-lo sem perder os aspectos positivos da tecnologia. Estudos anteriores do mesmo centro de pesquisa já haviam mostrado que o uso de touchscreen (por exemplo, usando os dedos para rolar a tela para baixo e controlando o dispositivo em vez de assistir passivamente que os outros o façam) estava associado com uma melhora no desenvolvimento motor em bebês.
“Antes de restringir totalmente o uso de touchscreen, que pode trazer benefícios, nós temos que compreender profundamente como usar essa tecnologia moderna de uma forma que maximize os benefícios e minimize qualquer consequência negativa para as crianças”, afirma Smith.