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Covid-19: uma doença de classe baixa

Estudo realizado pelo Imperial College mostrou, em números, como a pandemia afeta mais gravemente as camadas mais pobres da população

Por Da redação
Atualizado em 13 Maio 2020, 19h30 - Publicado em 13 Maio 2020, 19h26

A afirmação não é exagerada: a pandemia do novo coronavírus é elitista. A explicação está nos cuidados básicos que as pessoas precisam ter para não contrair o vírus. Lavar as mãos, por exemplo, é algo que uma considerável parcela da população mundial não consegue fazer por falta de acesso mínimo ao saneamento básico.

Um estudo realizado pelo renomado Imperial College, de Londres, na Inglaterra, apresentou os efeitos práticos da Covid-19 nas camadas mais pobres da sociedade mundial em números. A pesquisa, publicada na terça-feira 12, estima que a taxa de mortalidade para quem não tem acesso a recursos como uma pia e sabão para lavar as mãos, um local de moradia que permita o isolamento social e acesso a hospitais é 32% mais alta.

A pesquisa cita trabalhos recentes que calculam que 2 bilhões de pessoas no mundo estão em condições de pobreza e não tem acesso a instalações para lavagem das mãos. Nos países mais pobres, ter água e sabão em casa está correlacionado com a riqueza e as famílias mais pobres não tem as condições adequadas para poder se proteger do vírus.

Sobre os hospitais, o estudo pondera que mesmo em locais onde eles são acessíveis, os custos podem ser proibitivos e a saúde pública pode não ser  uma opção viável. Numa comparação entre o primeiro e o terceiro mundo, os países com maior concentração de riqueza apresentam 4,7 vezes mais leitos hospitalares, 13 vezes mais médicos e 9,6 vezes mais enfermeiros em relação aos mais pobres.

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As populações mais pobres do mundo também são mais suscetíveis a questões de segurança alimentar. Essa parcela da sociedade tem níveis mais altos de subnutrição, já que são mais dependentes de sua própria produção de alimentos. O estudo afirma ainda que a pandemia em ambientes com poucos recursos pode interromper épocas de plantio e colheita de culturas básicas, acentuando essa vulnerabilidade.

A interrupção da produção agrícola será “particularmente preocupante”, de acordo com os pesquisadores, nessas regiões. Em média, a produção é três vezes maior no terço mais pobre da população – e chega a ser um quinto em áreas rurais em relação às urbanas.

O coronavírus atinge a todos os seres humanos da mesma forma. Mas as diferenças financeiras entre as parcelas mais ricas e mais pobres da população pode ajudar a definir qual grupo poderá sofrer com mais mortes.

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