O movimento antivacina voltou a tona para militar agora contra o desenvolvimento de imunizantes para a Covid-19. O grupo ganhou força na internet, divulgando ideias estapafúrdias, como as de que a vacina será puro veneno e que os laboratórios vão, na verdade introduzir chips no corpo das pessoas.
Um exemplo recente é o vídeo Plandemic, que acumula desde maio milhões de visualizações no YouTube e em outras plataformas. Entre os dados falsos expostos, está que “as vacinas mataram milhões de pessoas”. O vídeo destaca ainda uma lista de substâncias presentes nos imunizantes (fenoxietanol, cloreto de potássio e outros), como se fossem tóxicos – o que também não é verdade. Essas publicações são acompanhadas por milhares de comentários de usuários da internet, muitos assegurando que não pretendem ser vacinados contra a Covid-19.
Os grupos antivacina não são novos, mas a pandemia contribuiu para torná-lo visíveis novamente. Eles nasceram nos Estados Unidos, no fim da década de 90, a partir de um estudo fraudado pelo médico Andrew Wakefield, relacionando a vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, rubéola e caxumba, com o autismo. Anos depois, o médico foi processado por fraude, conspiração e teve a licença cassada, mas o estrago já estava feito.
O movimento chegou a influenciar na cobertura vacinal de 2019 contra sarampo no mundo todo, inclusive no Brasil. No mesmo ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) os incluiu em seu relatório sobre os dez maiores riscos à saúde global, porque “ameaça reverter o progresso feito no combate às doenças evitáveis por meio de vacinação”.
As vacinas, lembre-se, são a forma mais eficaz, senão a única, de frear a pandemia da Covid-19. Cinco laboratórios estão em fase final de desenvolvimento de um imunizante, atualmente. Há pelo menos 130 grupos de trabalho mergulhados na elaboração de um imunizante. Cinco deles em fase final. Um deles, da Universidade de Oxford, começou a testar o produto em voluntários brasileiros.
Com AFP