Covid-19: 1 em cada 16 recuperados tem problemas como ansiedade
Três meses após a infecção, pacientes que não tinham transtornos psiquiátricos passaram a apresentar ansiedade, depressão ou insônia
Um estudo com mais de 62.000 sobreviventes da Covid-19 mostrou que 1 em cada 16 pacientes recuperados da doença foi diagnosticado com alguma doença mental até três meses após a infecção. Os problemas mais comuns observados foram transtornos de ansiedade, seguidos de depressão, insônia e, raramente, demência.
Em entrevista à Reuters, o líder do estudo Maxime Taquet, da Universidade de Oxford, no Reino Unido disse que este risco é cerca de duas vezes maior do que o esperado e é ainda mais alto entre pacientes que foram hospitalizados. Essas pessoas não apresentavam problemas psiquiátricos antes de contraírem o novo coronavírus.
Por outro lado, os pesquisadores concluíram ter uma doença mental aumenta o risco de Covid-19. No estudo, a incidência da doença foi 65% maior em pessoas que receberam diagnóstico psiquiátrico no ano anterior. O estudo foi publicado no domingo, 16, na plataforma medRxiv e ainda precisa ser revisado por outros especialistas.
Outro estudo, publicado no início do mês na revista científica Brain, Behavior and Immunity mostrou que mais da metade das pessoas que receberam tratamento hospitalar para Covid-19 sofriam de um transtorno psiquiátrico um mês depois. Dos 402 pacientes monitorados após se recuperarem da infecção pelo novo coronavírus, 55% tinham pelo menos um distúrbio psiquiátrico, como ansiedade (42% dos casos), insônia (40%), depressão (31%), transtorno de estresse pós-traumático (28%) e sintomas obsessivo-compulsivos (20%). Os resultados, baseados em entrevistas clínicas e questionários de autoavaliação.
“Considerando o impacto alarmante da infecção por Covid-19 na saúde mental, os insights atuais sobre inflamação em psiquiatria e a observação atual de uma inflamação pior levando a uma depressão pior, recomendamos avaliar a psicopatologia dos sobreviventes de Covid-19 e aprofundar a pesquisa sobre doenças inflamatórias biomarcadores, a fim de diagnosticar e tratar condições psiquiátricas emergentes.”, escreveram os autores, do hospital San Raffaele em Milão.
As mulheres sofreram mais psicologicamente do que os homens. Pacientes com diagnóstico psiquiátrico prévio também corriam maior risco de apresentar transtornos do que aqueles sem histórico de transtorno mental. De acordo com os pesquisadores, os efeitos psiquiátricos podem ser causados ”pela resposta imunológica ao próprio vírus, ou por estressores psicológicos, como isolamento social, impacto psicológico de uma nova doença grave e potencialmente fatal, preocupações sobre infectar outras pessoas e estigma.”