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Consumir abacate na gravidez diminui risco de alergias no bebê? O que um estudo revelou

Pesquisa da Finlândia reforça evidências de que dieta da mãe interfere na saúde da criança; amamentação também tem efeito protetor

Por Gabriela Cupani | Agência Einstein
2 Maio 2025, 11h00

O consumo de abacate durante a gravidez pode reduzir o risco de o bebê desenvolver alergias alimentares no primeiro ano de vida, sugere um novo estudo, publicado em março no Pediatric Research.

Pesquisadores da Universidade do Leste da Finlândia avaliaram dados de 2.272 mulheres grávidas do Kuopio Birth Cohort, um estudo de longo prazo que acompanha mães e filhos na cidade finlandesa de Kuopio para investigar os impactos de fatores ambientais, genéticos e de estilo de vida na saúde materno-infantil.

As informações foram coletadas no primeiro e no terceiro trimestres de gravidez, entre março de 2013 e novembro de 2022. As mulheres foram divididas entre as que consumiam qualquer quantidade da fruta e as que não comiam nada. As alergias infantis – como as alimentares, rinite, chiado e eczema – foram monitoradas até os bebês completarem 1 ano de vida.

Ao final, os resultados mostraram que crianças cujas mães incluíam abacate na dieta tinham 43,6% menos risco de desenvolver alergias alimentares. Os autores encontraram 2,6% de alergia alimentar e/ou crise esporádica de chiado nos filhos de mães que consumiram a fruta; nos demais, esse índice foi de 4,2%. Não constataram associações com outras alergias, como dermatite atópica, rinite alérgica ou asma.

Segundo o artigo, o abacate é rico em compostos antioxidantes, vitaminas e minerais conhecidos por beneficiar o sistema imunológico e a saúde metabólica — características que conferem um perfil nutricional alinhado com a dieta mediterrânea, muito estudada por seus benefícios cardiovasculares. “Já havia evidências de que a dieta mediterrânea na gestação poderia trazer benefícios em termos de ocorrências de quadros alérgicos para o bebê no primeiro ano de vida”, diz o pediatra e alergista Victor Nudelman, do Hospital Israelita Albert Einstein.

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Mas isso não significa que o abacate é milagroso. Até porque a pesquisa não especifica a quantidade de fruta ingerida pelas mulheres, nem a frequência de consumo. Além disso, trata-se de um estudo prospectivo, baseado em informações telefônicas, e não houve laudo médico das condições das crianças.

É importante notar que as mães que consumiam abacate tinham uma dieta mais saudável, um índice de massa corpórea menor na gestação e amamentaram por mais tempo. Todos esses fatores são favoráveis a proteger o bebê de alergias”, pondera Nudelman.

Problema mais comum

Especialistas vêm observando um aumento de alergias alimentares em crianças nas últimas décadas. “Isso ocorre por diversos motivos, como a falta de estímulo por antígenos bacterianos, por exemplo, infecções ou contaminantes de solo com estercos em fazendas, urbanização excessiva, dieta materna rica em oxidantes, amamentação por curto período, entre outros”, diz Nudelman.

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Sabe-se também que o consumo excessivo de determinados alimentos pela mãe na gestação, como carne processada, está associado com o desenvolvimento de alergias no bebê. Estima-se que cerca de 8% das crianças brasileiras e 2% dos adultos tenham alguma alergia alimentar, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). Elas são mais comuns em crianças provavelmente pela imaturidade do sistema imunológico.

Os principais alérgenos nessa fase são leite de vaca, clara de ovo, soja, amendoim e castanhas/avelãs, frutas, peixes e crustáceos. Pode haver de forma concomitante alergias respiratórias, como asma ou rinite, ou cutâneas, como dermatite atópica. Em alguns casos, as crises se atenuam na idade adulta.

Os sintomas de uma crise alérgica podem ser leves e isolados, como placas vermelhas na pele, ou envolver urticária, inchaço nos olhos e boca, coceira, sintomas gastrointestinais como diarreia e vômitos, respiratórios (falta de ar e chiado) e até cardiovasculares, incluindo queda da pressão e desmaio. A anafilaxia é a reação mais grave, que pode ser fatal.

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Alergia x intolerância

É importante diferenciar alergia alimentar de intolerância a alimentos, dois problemas distintos, embora frequentemente confundidos. A alergia alimentar é uma reação do sistema imunológico: o corpo identifica como ameaça uma substância inofensiva, como uma proteína presente no leite, e reage produzindo anticorpos do tipo IgE. Isso pode causar sintomas imediatos e potencialmente graves, como urticária, inchaço, vômitos ou até dificuldade para respirar.

Já a intolerância alimentar não envolve o sistema imunológico. Trata-se de uma dificuldade do organismo em digerir certos componentes dos alimentos, geralmente por falta ou deficiência de enzimas no intestino. Um exemplo comum é a intolerância à lactose, em que o corpo não produz enzima suficiente para digerir o açúcar do leite, levando a sintomas como dor abdominal, gases e diarreia. “Nesse caso, se oferecer um leite sem lactose para quem tem alergia ao leite, pode haver uma reação grave”, alerta o pediatra do Einstein.

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