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Como o racismo afeta a saúde da mulher

Novo estudo inclui pessoas não-brancas em um levantamento sobre o bem-estar feminino, mostrando propensão maior para a diabetes e doenças cardíacas

Por Diego Alejandro
23 nov 2022, 15h20

O estresse contínuo da discriminação racial desgasta os corpos das populações minoritárias, dando uma propensão maior para a diabetes, doenças cardíacas e outros problemas em idades mais precoces do que nas populações brancas. Já dizia o ditado: água mole em pedra dura tanto bate até que fura. O fenômeno é chamado de “intemperismo” e ele não prejudica apenas as pessoas – prejudica a ciência que poderia ajudá-las -. Diante disso, Alexis Reeves, epidemiologista social da Universidade de Stanford, decidiu refazer os dados de uma análise de longa duração: o Estudo da Saúde da Mulher em todo o país (SWAN). Desde 1994, o projeto com sede nos Estados Unidos acompanha a saúde de mulheres de meia-idade e mais velhas à medida em que envelhecem. Entretanto, vários grupos ficaram de fora do material original.

Entre 1995 e 1997, 16 mil mulheres com idades entre 42 e 55 anos foram observadas a fim de examinar mudanças hormonais na meia-idade e como elas afetavam vários aspectos da saúde. Qualquer pessoa com probabilidade de sofrer alterações hormonais associadas à menopausa poderia participar. Mas participantes que estavam grávidas, tiveram seus ovários e útero removidos ou aquelas que já haviam passado pela menopausa não foram incluídas. Como as mulheres não-brancas tendem a envelhecer mais cedo por causa do desgaste, elas eram mais propensas a já terem passado pela menopausa e, portanto, serem excluídas do estudo.

Reeves e seus colegas, então, analisaram as cerca de 9 mil mulheres que haviam sido excluídas em recorte anterior do estudo porque essas restrições não explicavam o desgaste. Em seguida, os pesquisadores compararam seus dados com participantes semelhantes do SWAN, a fim de ver como suas trajetórias de saúde se comparavam ao corte anterior.

As descobertas foram surpreendentes. A inclusão dessas participantes reduziu em quase 20 anos a idade média em que as mulheres sofriam de doenças cardíacas, hipertensão e diabetes, independentemente da raça. Mulheres negras e hispânicas que foram excluídas por causa da menopausa também eram as mais propensas a já ter diabetes ou hipertensão no início do estudo. Quase um quarto de todas as mulheres recém-incluídas tinham pressão alta quando o estudo começou. A resistência à insulina, um precursor do diabetes, começou 11 anos antes, e a doença cardíaca começou cerca de cinco anos antes em mulheres negras e hispânicas do que o SWAN original indicou, relatou a equipe esta semana na JAMA Network Open.

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Estudos como o SWAN geralmente se concentram nos participantes mais saudáveis, para que possam observar quando as doenças se instalam com a idade. “Mas deixar de fora aqueles que já têm a doença que está sendo estudada prejudica a todos, não apenas as pessoas de cor”, diz Reeves. “Estamos superestimando o tempo de início dessas doenças para todos no SWAN, independentemente da raça. Basicamente, equivale a contar apenas parte da história.”

As descobertas do novo estudo estão de acordo com trabalhos anteriores, que descobriram que pessoas não-brancas sofrem doenças metabólicas em idades mais jovens. Uma análise recente de dados nacionais relatou que, em média, pessoas brancas são diagnosticadas com hipertensão aos 47 anos. A idade média de diagnóstico para pessoas negras era 42, e indivíduos hispânicos 43. Acredita-se que o estresse crônico da discriminação social, exposições ambientais, desigualdade de renda e outros aspectos do racismo sistêmico contribuam para essa disparidade.

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