No Brasil, 25% das mães de recém-nascidos no Brasil são diagnosticadas com depressão pós-parto, também conhecido como baby blues. Estudos anteriores mostram que isso também pode afetar o desenvolvimento das próprias crianças e sua fala. Até agora, no entanto, não estava claro como isto se manifestava.
Em um estudo envolvendo 46 mães, cientistas do Instituto Max Planck para Ciências Humanas Cognitivas e do Cérebro, em Leipzig, Alemanha, investigaram como os bebês podem distinguir os sons da fala uns dos outros, dependendo do humor de sua mãe. Essa habilidade é considerada um pré-requisito importante para os passos futuros em direção a uma linguagem bem desenvolvida.
As mães que indicavam um humor mais negativo dois meses após o nascimento, seus filhos apresentam, em média, um processamento menos maduro dos sons da fala aos seis meses de idade. Particularmente, as crianças mostraram mais dificuldade em distinguir entre tons de sílaba, em comparação às mães que estavam com um humor mais positivo.
Se esse desenvolvimento for atrasado, os riscos de sofrer de um distúrbio de fala mais tarde na vida aumentam.
“Suspeitamos que as mães afetadas usem menos a fala dirigida ao bebê”, explica Gesa Schaadt, professora de desenvolvimento na infância e adolescência da Universidade Livre de Berlim e autora do estudo, que figurou na revista JAMA. “Eles provavelmente usam menos variação de tom ao dirigir a fala para seus bebês, o que causa uma percepção mais limitada de diferentes tons nas crianças.”
Os resultados mostram o quão importante é que os pais usem a fala dirigida ao bebê para o desenvolvimento da linguagem de seus filhos. Ela consiste na ênfase em certas partes das palavras com mais clareza – concentrando a atenção dos pequenos no que está sendo dito.
“Para garantir o desenvolvimento adequado de crianças pequenas, também é necessário apoio adequado para mães que sofrem de transtornos leves que muitas vezes ainda não requerem tratamento”, explica Schaadt. Isso não necessariamente são medidas de intervenção organizadas. “Às vezes, é preciso apenas que os pais se envolvam mais.”