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Cirurgia bariátrica normaliza a pressão alta, revela estudo

Um novo estudo feito pelo HCor mostrou que a cirurgia metabólica é uma opção eficaz no combate à hipertensão em pacientes obesos

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 19h24 - Publicado em 14 nov 2017, 12h02

A cirurgia bariátrica acaba de ter comprovado mais um benefício: o controle da hipertensão arterial. De acordo com um estudo inédito realizado por pesquisadores do HCor – Hospital do Coração e publicado na segunda-feira na revista científica Circulation, 51% dos pacientes obesos hipertensos submetidos ao procedimento apresentaram remissão da doença um ano após a cirurgia.

“No início do estudo, todos os pacientes usavam no mínimo duas medicações em dose máxima para controle da hipertensão. Após um ano, 75% dos que foram submetidos à cirurgia estavam usando apenas uma medicação ou nenhuma.”, afirma o cirurgião bariátrico Carlos Schiavon, responsável pelo estudo.

O estudo

Para avaliar a eficácia da cirurgia bariátrica no controle da hipertensão arterial, 100 pacientes hipertensos com obesidade grau 1 e 2 (IMC entre 30 e 40) foram divididos de forma aleatória em dois grupos de cinquenta pacientes. Um grupo foi submetido à cirurgia de bypass gástrico em Y de roux, redução do estômago mais praticada no Brasil, associada ao tratamento medicamentoso, e o outro grupo recebeu apenas o tratamento medicamentoso associado a orientações dietéticas e mudança do estilo de vida. Todos foram acompanhados durante o período de um ano.

Os resultados mostraram que 83,7% dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica conseguiram manter a pressão controlada com a redução de pelo menos 30% do número de medicações, enquanto apenas 12,8% do grupo clínico atingiram esse objetivo. Além disso, o grupo submetido à intervenção cirúrgica perdeu cerca de 29% do peso corporal, em comparação com menos de 1% entre os participantes do grupo medicamentoso.

Outros benefícios observados nos pacientes submetidos à cirurgia metabólica foram redução do perfil lipídico, de marcadores inflamatórios, colesterol, triglicérides, glicemia e do risco cardiovascular. De acordo com os pesquisadores, essa foi a primeira vez que um estudo controlado e randomizado comparou os benefícios da intervenção no controle e no combate à pressão alta. Os resultados do estudo Gateway foram apresentados na segunda-feira no encontro anual da Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês), realizado em Anaheim, na Califórnia, nos Estados Unidos, e recebidos positivamente pelos cardiologistas.

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Adesão ao tratamento

Estima-se que 75% dos pacientes hipertensos recorram a pelo menos duas medicações para o controle da doença, o que não só interfere no orçamento, como impõe dificuldades de adesão, acesso ao tratamento e efeitos colaterais indesejados.

“Estudos mostram que quanto maior o número de remédios, pior é a aderência dos pacientes ao tratamento. No caso da hipertensão, a partir de três medicações, a aderência cai em torno de 40% e, consequentemente, o risco cardiovascular aumenta”, diz Schiavon.

Mais da metade das pessoas com sobrepeso é hipertensa e a prevalência de hipertensão é cerca de três vezes maior em pacientes obesos. A doença também está associada a outras complicações como o diabetes, dislipidemia e o risco cardiovascular.

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“A cirurgia mais uma vez mostra efeitos muito benéficos, mas é um tratamento que precisa ser bem avaliado pelo médico. Os cardiologistas poderão ter mais uma opção para tratamento de pacientes obesos e hipertensos, principalmente os de mais difícil controle”, ressalta o médico.

Hipertensão e obesidade no Brasil

Aproximadamente 25% da população brasileira tem hipertensão, e a incidência cresce progressivamente com o aumento do peso. A doença é o fator de risco cardiovascular mais importante, estando associada ao aumento da incidência de AVC e do infarto agudo do miocárdio.

A hipertensão arterial sobrecarrega o coração, podendo causar hipertrofia (espessamento das suas paredes), dilatação e insuficiência cardíaca. No cérebro, a principal complicação é o acidente vascular cerebral isquêmico (AVC). Nos rins, o comprometimento da circulação arterial pode levar à insuficiência renal crônica, requerendo o uso de filtração artificial do sangue (hemodiálise) seguida de transplante renal.

Com o passar do tempo, o descontrole da pressão pode causar sérios danos às artérias, aumentando o risco de doenças como infartos, derrames, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, entre outros problemas.

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