Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Cigarro eletrônico é eficaz na luta contra o tabagismo, afirma estudo

Os pesquisadores afirmam que, associado a terapia comportamental, a taxa de sucesso do cigarro eletrônico pode chegar a 18%

Por Redação
Atualizado em 31 jan 2019, 17h59 - Publicado em 31 jan 2019, 17h01

Pode parecer contraditório, mas os cigarros eletrônicos são mais eficazes para ajudar na desistência do cigarro convencional em comparação com outros produtos para reposição de nicotina, como adesivos e chicletes, revela estudo publicado do periódico New England Journal of Medicine. Os pesquisadores afirmam que, associado a terapia comportamental, a taxa de sucesso pode chegar a 18%.

Embora seja considerado um percentual baixo, a taxa ainda é mais alta do que a dos métodos tradicionais de substituição do cigarro (9,9%). “Os cigarros eletrônicos foram quase duas vezes mais eficazes do que a combinação ‘padrão-ouro’ de produtos de reposição de nicotina”, disse Peter Hajek, principal autor da pesquisa.

Apesar disso, a equipe informou que 79,7% dos fumantes que abandonaram o cigarro ainda estavam utilizando a versão eletrônica ao final do estudo. Esse resultado preocupa autoridades de saúde por causa do vício continuado e as consequências ainda desconhecidas do uso prolongado do cigarro eletrônico. “Mudar para e-cigarros não significa desistir. Parar significa realmente acabar com o vício da nicotina, o que é muito difícil”, ressaltou Jennifer Hobbs Folkenroth, da  American Lung Association, à CNN

Por que funciona

Os cigarros eletrônicos fornecem ao fumantes a nicotina que eles desejam, mas sem o alcatrão tóxico e os carcinógenos criados pela inalação da queima do tabaco. Para especialistas, esse fator é importante já que o uso de tabaco causa cerca de 6 milhões de mortes por ano no mundo – número que pode subir para 8 milhões até 2030 se as tendências de consumo não forem reduzidas. 

Por outro lado, diversas pesquisas tem mostrado danos à saúde associados ao uso de cigarros eletrônicos. O mais recente deles realizado pela Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, concluiu que o hábito aumenta em 70% o risco de AVC, 60% o risco de infarto ou angina (dor no peito) e 40% a probabilidade de doença coronariana, em comparação com quem não usa o dispositivo.

O estudo

O novo estudo analisou 886 fumantes no Reino Unido que foram separados em dois grupos: o primeiro pôde escolher o tipo de reposição de nicotina que preferia usar, como adesivos, chicletes, pastilhas, aerossóis, inaladores ou até mesmo uma combinação de produtos. O segundo grupo recebeu um pacote de cigarros eletrônicos e foi orientado a comprar os suprimentos futuros (sumos e sabores) de acordo com a preferência pessoal. Todos os participantes foram monitorados durante três meses e receberam aconselhamento comportamental uma vez por semana, durante um mês.

Ao final do estudo, os voluntários foram testados quimicamente para verificar se haviam realmente parado de fumar. Os pesquisadores notaram que 79 participantes do grupo de cigarro eletrônico haviam desistido do cigarro tradicional. Já no grupo que recebeu outras formas de substituição de nicotina, apenas 44 pessoas largaram o vício. A análise ainda mostrou que os usuários de cigarro eletrônico estavam mais propensos a não retornarem ao cigarro tradicional, sofriam menos com tosse e produção de fleuma (muco) e tinham menos desejo de fumar.

Risco de um novo vício

Embora tenha-se registrados benefícios, a equipe também notou que, entre os participantes que largaram o cigarro tradicional, 63 continuaram usando o cigarro eletrônico depois de vários meses. Já nos participantes da intervenção convencional, apenas 4 continuavam usando algum produto para substituição de nicotina. Segundo os críticos, isso não é um bom sinal, pois parece apenas estar criando outra forma de vício.

Outro problema é o fato os produtos utilizados serem versões mais modernas, que apesar de discretas e fáceis de usar, entregam altas quantidades de nicotina para controlar os desejos do fumante. Aliás, algumas marcas podem conter a mesma quantidade de nicotina que um maço completo de cigarros. Isso causa preocupação entre os profissionais de saúde, uma vez que pode criar uma nova forma de vício ainda mais preocupante já que não existe muitas informações a respeito dos riscos de saúde em relação ao uso prolongado dos cigarros eletrônicos.

Continua após a publicidade

Em entrevista à CNN, Scott Weaver, da Universidade Estadual da Geórgia, nos Estados Unidos, destacou que não está claro se essas descobertas se aplicam a outros dispositivos de cigarro eletrônico ou fora do contexto de um estudo bem controlado. A eficiência do produto sem estar associado ao aconselhamento comportamental também é outra preocupação. Outro ponto destacado pelos críticos é não ser possível determinar se os resultados podem se estender para outras populações. Além disso, todos os participantes foram recrutados em clínicas que auxiliam fumantes a desistir do vício – o que já indica predisposição a parar de fumar, independente do método.

Perigo aos jovens

Nos Estados Unidos, a preocupação com os resultados do estudo é ainda maior, devido ao crescente uso de cigarro eletrônico entre jovens: 20% dos adolescentes americanos entre Fundamental II (da 6ª à 9ª série) e Ensino Médio atualmente usam o produto. Segundo especialistas, isso traz um segundo temor: jovens que usam cigarro eletrônico podem estar mais propensos a fumar cigarros tradicionais, pois o cérebro adolescente pode estar mais vulnerável aos efeitos aditivos da nicotina.

Por causa disso, o debate sobre recomendar (ou não) os cigarros eletrônicos na luta contra o tabagismo mantêm-se em um impasse. “Existe uma tensão inevitável entre proteger as crianças dos cigarros eletrônicos e promover o fim do tabagismo, o que também é muito importante”, disse Neal L. Benowitz, da Universidade da Califórnia, ao News York Times.

Enquanto os especialistas não chegam a um consenso sobre a utilização do produto, a única recomendação plausível é a realização de mais estudos que esclareçam melhor a eficiência dos cigarros eletrônicos na redução do tabagismo, além de revelar os reais perigos que eles podem oferecer à saúde dos usuários, incluindo na população mais jovem. Para os fumantes que querem parar de fumar, a sugestão é seguir a orientação dos profissionais de saúde.

Continua após a publicidade

De qualquer forma, no Brasil, cigarros eletrônicos ainda não são permitidos oficialmente e não estão disponíveis para compra legalmente.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.