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Carta ao Leitor: O ponto de inflexão

Graças à vacinação, o fim do pesadelo da pandemia está próximo. Precisamos, com urgência, enfrentar os colossais desafios da economia no país

Por Redação Atualizado em 4 jun 2024, 12h38 - Publicado em 18 fev 2022, 06h00

Desde o início da pandemia, em março de 2020, a sociedade brasileira — de mãos dadas com uma angústia mundial — buscava boias de esperança na lida com a Covid-19. Houve momentos de alívio, como entre agosto e novembro de 2020 e entre setembro e novembro de 2021, em que as curvas apontavam queda consistente do número de casos e mortes de uma doença que, até aqui, ceifou 640 000 vidas no Brasil. As portas se abriam, havia alguma luz, mas rapidamente se fechavam com frustração e a retomada do ritmo de contaminações. Foi assim, novamente, na virada para este ano, com a explosão da variante ômicron — comprovadamente menos letal, mas com maior poder de disseminação.

Vive-se atualmente uma expectativa de um novo ponto de inflexão — e tudo indica que, agora sim, caminhamos para o começo do fim da pandemia. Na semana passada, a média móvel de casos sofreu a maior queda em cinquenta dias no país — embora, reafirme-se com tristeza e luto, as mortes continuem em patamar elevado (mas, com certeza, vão cair nas próximas semanas). Em países como Dinamarca, Itália e mesmo os Estados Unidos — onde os óbitos também permanecem altos — há determinações claras de relaxamento, o que pressupõe até mesmo o abandono das máscaras em recintos fechados. Há a fadiga de dois anos de vaivém, de quarentenas, o cansaço natural de tanto confinamento e a necessidade de a vida prosseguir. Mas o crucial nas nações que começam a flexibilizar o controle é que todas as decisões foram baseadas na matemática e na ciência (não em opiniões políticas sobre o surto).

Revelou-se, sem surpresa alguma por sinal, a relevância capital das vacinas nessa retomada. Elas, de fato, funcionam. Um estudo do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, de São Paulo, mostra que 82% das mortes em decorrência de Covid-19 são de pessoas que não se imunizaram — e não se imunizaram, infelizmente, porque assim decidiram. Porcentuais semelhantes ocorrem em quase todas as unidades de saúde do Brasil e do mundo. Por aqui, estamos chegando a um estágio que permite passos mais ousados nesta fase da pandemia. Mais de 80% da população tomou ao menos uma dose da vacina e 71% já completaram o ciclo de dose única ou duas doses. É uma taxa muito boa — poderia ser ainda mais elevada, vale ressaltar, se houvesse um direcionamento claro do governo federal, como sempre houve em relação à pólio e ao sarampo, para ficar em apenas dois exemplos.

Graças à vacinação, o fim deste pesadelo está próximo (e já não era hora). Precisamos, com urgência, enfrentar os colossais desafios da economia — geração de empregos e desigualdade social, entre outros — que impedem o crescimento de um país que parece ser sempre o de um futuro que nunca chega. Desde a eclosão da Covid-19, havia uma trilha sensata para sair da crise com mais rapidez e segurança — bastaria que o governo fizesse o óbvio. Houve, no entanto, uma permanente aposta no negacionismo, com a defesa de medicamentos ineficazes, apesar de insistentes alertas, inclusive de aliados políticos. O presidente Jair Bolsonaro, porém, fez ouvidos moucos, preferindo espalhar fake news e teorias alucinadas. Resta a ele, nas eleições de outubro, saber como o povo brasileiro avaliará essa postura.

Publicado em VEJA de 23 de fevereiro de 2022, edição nº 2777

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