Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Canabidiol na pele

A substância da maconha, já usada no tratamento de doenças graves, como epilepsia, agora compõe produtos de beleza e bem-estar, como xampus e maquiagens

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 dez 2018, 07h00 - Publicado em 14 dez 2018, 07h00

Em 1963, o bioquímico israelense Raphael Mechoulam isolou a estrutura química do canabidiol, um dos componentes da maconha. Uma década depois, descobriu-se a primeira ação farmacológica do composto — o combate aos ataques epiléticos. Há, agora, uma onda de aplicação da substância no campo da beleza e do bem-­estar. No mais recente encontro anual da Academia Americana de Dermatologia, realizado em San Diego, nos Estados Unidos, o canabidiol foi apontado como a mais forte tendência em cuidados da pele. A variedade de mercadorias disponíveis nas prateleiras americanas é grande. Inclui cremes hidratantes, antienvelhecimento e antiacne, xampu, maquiagem e biscoitos para animais domésticos — pois o canabidiol não dá “barato”. A empresa de pesquisa Bright­field Group estima que o valor desse mercado, em torno de 170 milhões de dólares, chegue a mais de 1 bilhão de dólares até 2021.

Nos EUA, o país mais aberto em relação ao uso medicinal da essência, o canabidiol é liberado em 21 estados. No Brasil, abriu-se uma fresta em 2014, quando o Conselho Federal de Medicina autorizou os médicos a receitar a substância a crianças e adolescentes portadores de epilepsia refratária, que causa convulsões e não responde a tratamentos convencionais. Os produtos de beleza não estão incluídos nessa liberação brasileira e não há, até agora, nenhum pedido registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ao que tudo indica, é uma questão de tempo para que o Brasil siga o exemplo americano.

A quantidade de canabidiol usada para essa finalidade é pelo menos cinco vezes inferior à das medicações que tratam de crises epiléticas. Além disso, em relação aos remédios, a absorção pelo organismo é menor pelo fato de ele ser misturado a outros componentes dos cosméticos. Os produtos cumprem o que prometem? Aparentemente, sim. “Temos receptores de canabidiol no corpo inteiro, e os benefícios da substância independem da dose”, diz a neuro-onco­logista Paula Dall’Stella, especialista no assunto. Um estudo publicado recentemente pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos comprovou que doses mínimas de canabidiol conseguem regular a produção de óleo e de glândulas sebáceas no organismo — uma propriedade antiacne, portanto. Ele também é antioxidante, o que ajuda no combate ao envelhecimento da pele, e analgésico, levando ao relaxamento.

Continua após a publicidade

Apesar de ser conhecido há pelo menos cinquenta anos no meio científico, o canabidiol tem uma trajetória polêmica na medicina. O motivo é evidente: sua origem, a Cannabis sativa, a planta da maconha. O canabidiol é encontrado sobretudo no caule e nas flores. Ele não é psicoativo nem tóxico. Não altera o raciocínio, não provoca lapsos de memória nem perda cognitiva. Tampouco causa dependência, como faz o THC, outro composto da planta. No entanto, é bastante comum, até entre médicos, a confusão sobre a ação das duas substâncias.

Publicado em VEJA de 19 de dezembro de 2018, edição nº 2613

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

O Brasil está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por VEJA.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.