O Instituto Butantan entregou os dados preliminares de um estudo clínico de uma vacina contra a dengue para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta quarta-feira, 14. O imunizante, que tem como alvo os quatro sorotipos do vírus causador da doença, começou a ser desenvolvido pela instituição em 2009 e a previsão é de que os estudos sejam finalizados até 2024.
De acordo com a Anvisa, a vacina está na fase 3 da pesquisa, quando ocorre a avaliação do perfil de segurança e eficácia do imunizante. “À medida que o estudo clínico avançar, novos dados e informações complementares poderão ser apresentados pelo Butantan para discussão com a Anvisa, com vistas a uma futura aprovação da vacina, caso os resultados clínicos comprovem sua segurança e eficácia”, informou, em nota.
Doença transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti, a dengue causa febre, dores, manchas vermelhas pelo corpo e mal estar. O Brasil vive uma epidemia de dengue neste ano. De acordo com dados do Ministério da Saúde notificados de janeiro até o dia 5 deste mês, o país registrou quase 1,4 milhão de casos, um aumento de 180,5% nos episódios da doença em relação ao mesmo período do ano passado. Neste ano, 968 pessoas morreram ante 244 em 2021.
Vacina da dengue
A vacina contra a dengue do Butantan é feita com os quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) em sua forma atenuada. Assim, estimula a produção de anticorpos sem causar a doença.
A versão quadrivalente é importante porque a infecção por um subtipo não impede que a pessoa seja reinfectada por outro ao ser picada pelo mosquito. Além disso, a nova infecção costuma ser mais grave.
Em março deste ano, o Butantan divulgou que o imunizante induziu a geração de anticorpos em 100% dos voluntários que já tiveram dengue e em 92,6% nos participantes que nunca tinham tido contato com o vírus – os dados são dos estudos de fase 1 -. Na fase 2, os ensaios apontaram indução da soroconversão (produção de anticorpos) em mais de 70% dos vacinados contra os quatro subtipos do vírus com apenas uma dose. Os achados foram publicados nos periódicos Human Vaccines & Immunotherapeutics e The Lancet Infectious Diseases, respectivamente.
Na fase 3, iniciada em 2016, o estudo contou com a participação de 17 mil voluntários, que estão sendo acompanhados.