Bronquiolite em crianças está em alta no país; saiba como evitar
Doença causada por vírus sincicial respiratório (VSR) pode levar a quadros graves; risco é maior para prematuros e população pediátrica com doenças crônicas
A queda das temperaturas costuma trazer o temor das infecções respiratórias em bebês e crianças, mas há uma que preocupa mais os pais: a bronquiolite, doença causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR) que pode levar a quadros graves e até causar a morte de pacientes com menos de 2 anos, principalmente os prematuros e aqueles que vivem com doenças crônicas, como problemas cardiovasculares. A doença tem causado o aumento de casos e internações entre os pequenos, segundo o boletim Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A última divulgação, da semana passada, apontou que o índice de casos com resultados positivos para o vírus estava em 36,2%. No início do mês passado, o percentual era de 26,8%.
O vírus causa infecções das vias respiratórias e dos pulmões, podendo levar ainda a quadros de pneumonia. Em episódios de bronquiolite, há febre baixa, dor de garganta, dor de cabeça e secreção nasal. Os pais devem ficar atentos se a criança começar a apresentar febre alta, tosse persistente, dificuldade para respirar, chiado no peito, além de lábios e unhas arroxeados. Nesses casos, é importante buscar auxílio médico para verificar a necessidade de internação.
Embora seja associada aos períodos mais frios do ano, normalmente no inverno, a infecção tem afetado as crianças pequenas desde o fim do ano passado, indicando uma mudança na sazonalidade do vírus.
“Com a flexibilização do isolamento social e a retomada das atividades presenciais, o vírus pode ter voltado a circular e apresentado essa alta de casos”, diz Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que participou do lançamento da campanha “Prevenção ao VSR – Muito além de um Detalhe”, da AstraZeneca, nesta terça-feira, 11.
Segundo a farmacêutica, foram registrados no sistema do Ministério da Saúde 1.406 casos em crianças de 0 a 4 anos nas últimas oito semanas de 2022, uma alta de 22% relação às oito semanas anteriores.
Por enquanto, não há vacina nem tratamento para a doença. Uma vacina da farmacêutica Pfizer demonstrou eficácia de 81,8% para proteger os bebês nos primeiros três meses de vida em ensaios de fase 3 com gestantes que receberam a dose. Até os seis meses, a eficácia foi de 69,4%.
Até que um imunizante esteja disponível, a recomendação para proteger os bebês e crianças é manter as mãos higienizadas, evitar o contato com a população pediátrica se estiver com sintomas de doenças respiratórias e não mandar os filhos para a escola se eles estiverem doentes. “Assim, podemos tentar frear a disseminação de vírus respiratórios em crianças”, disse, em nota, Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.