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Brasileiros testam creme para aliviar danos nos nervos causados por quimioterapia

Pesquisa já mostrou eficácia em mais de 60% dos casos de neuropatia periférica e, agora, recruta 52 voluntários em todo o Brasil; veja lista de endereços

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 18 out 2024, 10h00

A quimioterapia é um dos tratamentos mais usados no combate ao câncer, mas muitos pacientes enfrentam efeitos colaterais severos, como a neuropatia periférica. Essa condição causa dormência, formigamento e, em casos mais graves, perda de movimentos em áreas como mãos e pés, impactando a qualidade de vida de até 70% dos pacientes. Mas uma pesquisa brasileira tem investigado uma solução promissora: um creme tópico, chamado PSP neuro serum, que pode aliviar esses sintomas.

Desde 2018, o estudo tem como objetivo melhorar a condição dos pacientes que sofrem com a neuropatia e, agora, entra em uma segunda fase de testes, recrutando 52 voluntários em todo o Brasil, tanto em clínicas privadas quanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“A neuropatia periférica causa impacto direto no dia a dia. Atividades simples, como abotoar uma camisa ou segurar um copo se tornam difíceis ou impossíveis. E, até o momento, a única solução era reduzir a dose da quimioterapia ou até interrompê-la, o que compromete o tratamento oncológico”, explica  Mariane Fontes, oncologista da Oncoclínicas, que está à frente da pesquisa.

Como funciona o creme 

A pesquisa avalia o uso de um creme que é aplicado diretamente nas mãos dos pacientes. O PSP neuro serum é absorvido pela pele e age nas fibras nervosas mais finas, que são diretamente afetadas pela quimioterapia. Na primeira fase do estudo, 24 pacientes foram testados, metade deles em tratamento com uma classe de quimioterápicos chamada taxanos, conhecida por causar danos nervosos.

Mariane explica que o estudo identificou uma melhora significativa em 44% dos pacientes, mas entre aqueles que usavam taxanos, os resultados foram ainda mais promissores. “Tivemos uma resposta positiva em 64% dos pacientes que usavam taxanos, o que nos levou a focar essa nova fase do estudo apenas nesse grupo. Acreditamos que essa substância tenha um efeito mais direto nas fibras finas, que são danificadas por esses quimioterápicos”, detalha a oncologista.

O tratamento foi projetado para ser simples e acessível. Os pacientes devem aplicar o creme três vezes ao dia por um mês. Uma vantagem importante do PSP neuro serum, segundo a pesquisadora, é que ele não interfere no tratamento do câncer.

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sso significa que os pacientes podem continuar com a quimioterapia sem risco de interações medicamentosas, algo que é crucial para quem está lutando contra a doença. “A absorção é local, pela pele, e não sistêmica, então não afeta o corpo como um todo”, diz Mariane.

Desafios da neuropatia periférica

A neuropatia periférica induzida por quimioterapia é complexa. “A forma como essa condição se instala é multifatorial e isso dificulta o sucesso de muitos tratamentos”, afirma a oncologista. Até o momento, o único medicamento recomendado para o alívio dos sintomas é a duloxetina, um antidepressivo que se mostrou eficaz apenas para os pacientes que têm dor neuropática, que não é o sintoma mais comum.

“A maioria dos pacientes sofre mais com a perda de sensibilidade, e esse é o grande foco do nosso estudo com o PSP neuro serum”, explica.

Além disso, a condição afeta diferentes níveis do sistema nervoso, isso ajuda a explicar por que outros tratamentos não tiveram sucesso até agora. “Os quimioterápicos atingem principalmente as fibras finas dos nervos, o que torna mais complicado encontrar uma solução eficaz. O creme que estamos testando foi desenvolvido justamente para atingir essas fibras de forma mais precisa.”

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Resultados e expectativas

Os resultados da primeira fase da pesquisa foram apresentados no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO), um dos mais importantes eventos do mundo sobre câncer, e os dados são animadores. “Se continuarmos com esses resultados positivos, o PSP neuro serum pode se tornar uma solução que realmente melhora a qualidade de vida de muitos pacientes”, reforça a oncologista.

Nesta segunda fase, os voluntários serão divididos entre dois grupos: um receberá o creme e outro um placebo, para garantir que os efeitos observados não sejam resultado de fatores psicológicos.

Quem pode participar da pesquisa

A pesquisa está aberta a qualquer paciente, com 18 anos ou mais, que utilize taxanos como parte de seu tratamento contra o câncer, independentemente do tipo de tumor ou da unidade de saúde onde faz o tratamento.

Durante o mês de acompanhamento, os pacientes farão três visitas à clínica, e mais uma visita adicional 30 dias após o término do uso do creme, para avaliação dos resultados.

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Endereços dos locais para avaliação:

  • Oncoclínicas Rio de Janeiro (Rio de Janeiro/RJ): Praia de Botafogo 300, 4º e 10º andar, Botafogo
  • Centro Paulista de Oncologia (São Paulo/SP): Avenida Brigadeiro Faria Lima 4.300, 10º andar, Itaim Bibi
  • Núcleo de Oncologia da Bahia – NOB (Salvador/BA): Avenida Milton Santos 123, Ondina
  • Oncoclínicas do Brasil Serviços Médicos S.A (Belo Horizonte/MG): Rua Roma 561, Santa Lucia
  • Multihemo (Recife/PE): Rua Senador José Henrique 231, Ilha do Leite
  • Centro Oncológico do Triangulo (Uberlândia/MG): Rua Anselmo Alves dos Santos 900, Santa Mônica
  • ONCOSITE (Ijuí/RS): Rua São Cristóvão 618, Hammarstron
  • CECON (Vitória/ES): Rua Manoel Feu Subtil 120, Edifício Fernando Pessoa, salas 201 e 203, Enseada do Suá
  • CPO-PB (João Pessoa/PB): Avenida Mato Grosso 183, Estados

E-mail para contato: regulatorio.pesquisaclinica@oncoclinicas.com

 

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