Brasil monitora 7 casos suspeitos de hepatite misteriosa em crianças
Ministério da Saúde informou que investiga quatro episódios no Rio de Janeiro e três no Paraná

Sete casos da hepatite de origem desconhecida em crianças, doença relatada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no mês passado, estão sendo investigados no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, são quatro casos no Rio de Janeiro e outros três no Paraná.
Segundo o ministério, os Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) e a Rede Nacional de Vigilância Hospitalar (Renaveh) estão monitorando alterações do perfil epidemiológico e a detecção de casos suspeitos da doença. A orientação da pasta é que qualquer suspeita deve ser notificada imediatamente pelos profissionais de saúde.
Em entrevista a VEJA nesta semana, o cirurgião do aparelho digestivo André Ibrahim David, que é referência em transplantes de fígado e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirmou que o Brasil pode ter casos da doença.
“A gente faz parte do mundo e o fluxo Europa-Brasil e Estados Unidos-Brasil é muito grande. Acredito que vai chegar no Brasil e a gente tem de estar preparado.”
Os primeiros registros da hepatite fulminante em crianças foram feitos em países europeus e se concentravam principalmente no Reino Unido. Segundo balanço divulgado pela OMS nesta semana, há, ao menos, 228 registros da hepatite misteriosa e uma morte no mundo. Em levantamento do dia 25 de abril, foram reportados 17 casos de crianças que precisaram fazer transplante de fígado.
A entidade investiga a relação dos casos com o adenovírus, que causa doenças gastrointestinais e respiratórias. Há suspeitas de que o subtipo 41, que causa gastroenterites, seja o causador da doença, mas a OMS apura ainda se substâncias tóxicas, medicamentos, agentes ambientais têm ligação com o problema.
A hepatite é uma inflamação que atinge o fígado e, na maioria dos episódios, é causada por vírus, mas pode ter relação com o uso de substâncias tóxicas, incluindo medicamentos, consumo de álcool, doenças hereditárias e distúrbios autoimunes. Os principais sintomas são icterícia (cor amarelada na pele ou nos olhos), diarreia, dor abdominal e vômito. Nas crianças afetadas, testes laboratoriais descartaram os tipos A, B, C, E e D (quando aplicável).