O Ministério da Saúde informou segunda-feira, 23, que 64 casos suspeitos da hepatite fulminante de origem desconhecida em crianças estão sendo investigados no Brasil. Até o momento, nenhuma notificação foi confirmada e 12 registros foram descartados. A doença, que tem sido investigada em países da Europa e nos Estados Unidos, pode ter relação com o subtipo 41 do adenovírus, mas a causa ainda não foi descoberta.
De acordo com a pasta, 15 estados monitoram episódios. São 24 em São Paulo, oito em Minas Gerais, 5 no Rio Grande do Sul, cinco em Pernambuco, quatro no Rio de Janeiro, três no Mato Grosso do Sul, três em Santa Catarina. As demais notificações foram feitas por Paraná (2), Espírito Santo (2), Goiás (2), Ceará (2), Rio Grande do Norte (1), Maranhão (1), Rondônia (1) e Paraíba (1).
Também nesta segunda-feira, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro informou que uma criança de 4 anos, um dos casos suspeitos, precisou fazer um transplante de fígado, mas já recebeu alta. De acordo com a secretaria, o procedimento foi realizado 24 horas após piora do quadro clínico no Hospital Estadual da Criança (HEC), referência em transplante hepático pediátrico no estado. Testes apontaram que a criança estava infectada por adenovírus.
“Os primeiros sintomas dessa criança foram vômitos, dor abdominal e diarreia. Logo depois, ela ficou com a pele amarelinha e foi internada em um hospital, onde foi iniciado o tratamento contra a hepatite. Mas ela foi piorando gradativamente, começou a apresentar problemas de coagulação e foi transferida para o Hospital Estadual da Criança com diagnóstico de hepatite fulminante, a fim de que se desse prosseguimento à investigação para necessidade de transplante de fígado”, disse, em comunicado da secretaria, o médico Giuseppe Maria Santalucia.
Segundo o ministério, os Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) e a Rede Nacional de Vigilância Hospitalar (Renaveh) estão monitorando alterações do perfil epidemiológico e a detecção de casos suspeitos da doença. A orientação da pasta é que qualquer suspeita deve ser notificada imediatamente pelos profissionais de saúde.
Para analisar os casos, a ministério instalou uma Sala de Situação que conta com a participação de especialistas do ministério e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Os primeiros registros da hepatite fulminante em crianças foram feitos em países europeus e se concentravam principalmente no Reino Unido. Segundo balanço divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no último dia 18, a doença matou seis crianças e 429 casos foram registrados no mundo. De acordo com a entidade, 22 países registraram a doença misteriosa e 26 crianças precisaram de transplante de fígado. Em levantamento do dia 25 de abril, a OMS tinha detectado 17 episódios que precisaram fazer o procedimento.
A entidade investiga a relação dos casos com o adenovírus, que causa doenças gastrintestinais e respiratórias. Há suspeitas de que o subtipo 41, que provoca gastroenterites (inflamação gastrintestinal), seja o causador da moléstia, mas as investigações sobre a ligação desta infecção com a Covid-19 foram intensificadas.
A hepatite é uma inflamação que atinge o fígado e, na maioria dos episódios, é causada por vírus, mas pode ter relação com o uso de substâncias tóxicas, incluindo medicamentos, consumo de álcool, doenças hereditárias e distúrbios autoimunes. Os principais sintomas são icterícia (cor amarelada na pele ou nos olhos), diarreia, dor abdominal e vômito. Nas crianças afetadas, testes laboratoriais descartaram os tipos A, B, C, E e D (quando aplicável).