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Brasil inicia estudo com vacina contra a dengue em adultos

Ação do Ministério da Saúde e Fiocruz vai imunizar 20 mil voluntários de 18 a 40 anos na zona oeste do Rio de Janeiro; país registrou 532.921 casos em 2024

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 17h14 - Publicado em 16 fev 2024, 13h10

Um estudo para avaliar a efetividade da vacina contra a dengue em adultos foi iniciado nesta sexta-feira, 16, pelo Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na região de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro. A meta da pesquisa é vacinar 20 mil voluntários que serão acompanhados por dois anos para nortear as ações de inclusão de novos públicos nas campanhas de vacinação contra a doença com base em evidências científicas. No momento, o grupo prioritário é formado por crianças e adolescentes de 6 a 16 anos e as primeiras doses estão sendo aplicadas de forma escalonada na população de 10 a 14 anos.

Os participantes do estudo devem ter entre 18 a 40 anos e, por sorteio, foram selecionados os meses de nascimento da população apta a participar. São pessoas nascidas em maio, agosto, outubro e novembro que moram em Guaratiba, Barra de Guaratiba, Pedra de Guaratiba e Ilha de Guaratiba. A região tem cerca de 67 mil moradores da faixa etária estipulada que poderão se inscrever como voluntários. Até o fim do ensaio, eles serão acompanhados todos os meses por meio eletrônico, segundo o ministério.

Secretário municipal da Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz destacou, em nota, que o imunizante já foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso e teve sua eficácia comprovada.

“Queremos quantificar essa eficácia e observar como essa vacina vai se comportar nas características da população brasileira. Esses estudos são importantes sempre que uma vacina nova é introduzida. Em 2021, por exemplo, fizemos pesquisas semelhantes na Ilha de Paquetá e na Maré com a vacina contra a Covid-19 e, graças às evidências que levantamos, pudemos colaborar com a tomada de importantes decisões sobre a introdução de doses de reforço”, afirmou.

Como a vacina contra a dengue é feita com vírus vivo inativado —  o imunizante usado será a Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda –, não podem participar do estudo gestantes, lactantes, pessoas que tiveram dengue nos últimos seis meses, imunossuprimidos e pacientes que receberam hemoderivados nos últimos três meses.

O objetivo da pesquisa é comparar as taxas de incidência de infecções sintomáticas da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e os índices encontrados na população que não foi vacinada. Também será possível verificar os impactos do imunizante para a prevenção de casos sintomáticos de dengue por qualquer um dos quatro sorotipos do vírus (1, 2, 3 e 4).

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“O estudo vai auxiliar também a Organização Mundial da Saúde, pois as evidências científicas que serão geradas aqui no Brasil poderão influenciar na tomada de decisão em nível internacional”, afirmou, também em nota, Ethel Maciel, secretária nacional de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente do Ministério da Saúde.

De acordo com o ministério, a iniciativa vai se interligar a outro estudo que está sendo desenvolvido desde o início de janeiro em Dourados, no Mato Grosso do Sul, e a um estudo nacional sobre efetividade vacinal da Fiocruz Bahia.

Crescimento da dengue

O surto da doença tem preocupado o Brasil. O Ministério da Saúde prevê que o número de casos de dengue pode chegar a 4,2 milhões em 2024. Estados e municípios brasileiros estão implementando medidas como aumento de leitos e tendas para hidratação dos pacientes e, até o momento, Acre, Distrito Federal, Minas Gerais, Goiás e a cidade do Rio de Janeiro decretaram situação de emergência. Segundo painel de monitoramento do ministério, apenas neste ano foram contabilizados 532.921 casos e 90 mortes pela doença no Brasil. Outros 348 óbitos estão em investigação.

 

Desde 2022, a dengue voltou a crescer no país e, no ano passado, foram registrados 1.658.816 casos e 1.094 mortes. Com a intensificação das notificações já em janeiro deste ano, planos de contingência e até um hospital de campanha passaram a fazem parte das medidas adotadas nos locais mais afetados.

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A doença tem colocado o mundo em alerta por estar se alastrando em novas e antigas regiões com a ajuda das mudanças climáticas, que criam condições propícias para a reprodução e proliferação dos mosquitos. Desde o ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o tom ao se debruçar sobre dados e constatar que, em 2022, as taxas de infecção aumentaram oito vezes em relação ao ano 2000.

Em visita ao Brasil no início do mês, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que “o surto atual faz parte de um grande aumento em escala global da dengue”. Segundo Adhanom, o levantamento da entidade apontou que, no ano passado, foram notificados 5 milhões de casos e 5.000 óbitos relacionados com a infecção em mais de oitenta países.

Vacina contra a dengue

O Distrito Federal e o estado de Goiás foram os primeiros a receber doses da vacina contra a dengue e já iniciaram a imunização. Segundo o ministério, o lote inicial, que conta com 712 mil doses, será encaminhado ainda para Bahia, Acre, Paraíba, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Amazonas, São Paulo e Maranhão. A distribuição ocorrerá em 315 municípios, o que corresponde a 60% dos 521 municípios selecionados para a realização da campanha.

Com o envio de novas doses, o cronograma vai contemplar as demais faixas etárias até os 14 anos, grupo prioritário escolhido por ser o mais afetado por episódios que levam à internação.

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Em outubro do ano passado, a OMS recomendou a vacinação contra a doença com foco principalmente em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em países endêmicos, caso do Brasil. Por aqui, o imunizante Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) meses antes, em março.

O Ministério da Saúde seguiu a recomendação da entidade e vai ofertar o imunizante para essa faixa etária. Com a medida, o Brasil se tornou o primeiro país a incluir a vacina no sistema público de saúde.

O país recebeu cerca de 750.000 doses, parte da primeira remessa com 1,32 milhão de doses adquiridas pelo governo brasileiro. Também está prevista a entrega de 568.000 doses ainda neste mês. Neste ano, está prevista a chegada escalonada de mais 5,2 milhões de doses. Para 2025, foram adquiridas 9 milhões de doses.

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