Brasil corre risco muito alto de retorno da poliomielite, diz OPAS
Mesmo erradicada, a pólio pode voltar pela baixa vacinação
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) disse nesta quarta-feira, 21, que Brasil, República Dominicana, Haiti e Peru correm risco muito alto de retorno da poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, por causa da diminuição das taxas de vacinação. Segundo a entidade, houve uma queda de 79% na cobertura regional, a menor desde 1994 – quando a doença foi considerada erradicada no Brasil -.
“A pólio não é uma doença tratável. A prevenção é a única opção e só é possível com vacinas”, afirmou a diretora da OPAS, Carissa Etienne.
A doença pode causar paralisia irreversível em alguns casos, mas pode ser prevenida por vacina, disponibilizada desde 1955. Embora não haja cura conhecida, três doses da vacina oferecem quase 100% de imunidade.
Carissa disse que a diminuição da vacinação causada pela pandemia do novo coronavírus deixou muitas pessoas desprotegidas. As vacinas erradicaram a doença na região 30 anos antes.
Ela acrescentou que Argentina, Bahamas, Equador, Panamá, Suriname e Venezuela também foram identificados como países de alto risco e que quase toda a América do Sul atualmente tem cobertura vacinal abaixo de 80%.
Atualmente, não há casos confirmados de pólio na América Latina e no Caribe, mas a OPAS exigiu a todos os países da região a fortalecer a vigilância e alcançar proativamente as comunidades não vacinadas.
“Eu realmente não posso afirmar isso com força suficiente”, disse. “Como vimos no estado de Nova York, o vírus da poliomielite pode aparecer e se espalhar rápida e silenciosamente em comunidades com cobertura vacinal insuficiente”.
No início deste mês, a governadora de Nova York, Kathy Hochul, declarou uma emergência de desastre em uma tentativa de acelerar os esforços para vacinar os moradores contra a pólio depois que o vírus foi detectado em amostras de águas residuais coletadas em quatro condados.
Vacinação prorrogada
No Brasil, o Ministério da Saúde decidiu prorrogar a campanha de vacinação contra a poliomielite até 30 de setembro diante da ainda baixa cobertura vacinal contra a doença. O prazo inicial da campanha, que começou em agosto e ia até o início deste mês, foi estendido pois apenas 34,4% do público-alvo teria se vacinado.