Beber mais do que três vezes por semana aumenta em 20% o risco de morte prematura, indica estudo publicado na revista Alcoholism: Clinical & Experimental Research.
A equipe focou na baixa ingestão de álcool por já ter sido associada a benefícios, especialmente para a saúde cardíaca, o que foi confirmado pelos pesquisadores. No entanto, eles descobriram também que a bebida alcoólica pode aumentar o risco de câncer. Artigo científico anterior já tinha mostrado esse risco para sete tipos de câncer (boca, garganta, esôfago, fígado, mama e cólon) para qualquer nível de consumo. Segundo a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla em inglês), responsável pelo artigo, 5,5% dos novos casos de câncer no mundo estão relacionados ao hábito de beber.
“Embora esta associação tenha sido estabelecida há muito tempo, a maioria dos oncologistas, dos leigos e dos pacientes com câncer não estão cientes do risco. Essa foi uma oportunidade para aumentarmos a conscientização”, comentou Noelle LoConte, da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, à Time Health.
Em entrevista ao CBS This Morning, Tara Narula, cardiologista do Zucker School of Medicine, nos Estados Unidos, comentou que o risco de morte prematura encontrado no estudo pode ser impulsionado pelo maior risco de câncer. “Foi um grande estudo no qual foram analisados os tipos de ingestão — leve a moderada — em vez de apenas pessoas que bebem versus que não bebem. O resultado traz mais evidências que sugerem como precisamos prestar atenção ao risco de câncer”, alertou a especialista, que não esteve envolvida na pesquisa.
A pesquisa
Os resultados do novo estudo foram baseados em análise de dados da National Health Interview Survey (NHIS) e registros médicos de pacientes da Veterans Health Administration (VHA) — as duas organizações estão localizadas nos Estados Unidos. A amostra do NHIS era representativa da população total por agrupar indivíduos dos 18 aos 85 anos, enquanto o grupo VHA era mais velho (40 a 60 anos) e predominantemente masculino.
As fontes das informações permitiram observações sobre saúde, dieta, consumo de álcool e mortalidade de quase 435.000 pessoas entre 18 e 85 anos. O estudo rastreou a saúde e índice de sobrevivência dos participantes por sete a 10 anos.
Entre os indivíduos acompanhados através do NHIS — 340.000 no total —, cerca de 40% informaram não beber ou ter parado. Já as que confirmaram o consumo (86%) relataram ingerir um ou duas doses, independentemente da frequência.
Os resultados
Tendências semelhantes foram observadas no dois grupos analisados: beber uma ou duas doses cerca de três vezes por semana foi associado ao menor risco de mortalidade — mesmo em comparação com aqueles que bebiam menos. Entretanto, cada sessão adicional de bebida mostrou maior risco de morte. Apesar de ser o mesmo para todas as faixas etárias, o risco pode ser mais significativo para pessoas mais velhas, pois à medida que envelhecemos, a probabilidade de morrer por qualquer causa também aumenta.
“Não devemos beber mais do que três vezes por semana”, disse Sarah Hartz, da Universidade de Washington, à Time Health. Ela mencionou ainda que até mesmo o consumo leve é problemático, considerando o risco de câncer, mas cabe a cada indivíduo determinar se vale a pena manter o hábito ou não.
Já Tara disse que os médicos devem considerar o histórico dos pacientes antes de determinar se a ingestão de álcool é recomendável ou não. Para ela, indivíduos com histórico de câncer na família devem se abster; no caso de pessoas com risco cardiovascular, beber uma ou duas doses pode ser benéfico.