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Baixa imunidade? Cuidado com as dietas restritivas, alertam os cientistas

Novo estudo aponta alterações do sistema imunológico em mudanças repentinas para alimentação vegana e cetogênica

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 17h14 - Publicado em 16 fev 2024, 14h00

É comum ouvirmos falar em imunidade baixa, quando o corpo apresenta maior dificuldade em combater os agentes infecciosos, o que pode levar a infecções mais frequentes e difíceis de tratar. Além de diversos fatores como estresse, tabagismo e excesso de álcool, a queda das defesas do organismo pode ser ocasionada por deficiências nutricionais e mudanças repentinas de dietas, em especial, as mais restritivas.

É o que mostra um novo estudo do National Institutes of Health (NIH), publicado na revista Nature, sobre a dieta vegana, quando o indivíduo passa a não comer carne de nenhum animal – carne vermelha, peixe, frango e derivados animais como salames, salsichas, mortadelas e embutidos, ovos de aves e laticínios como queijos e leites de vaca e outras espécies – e a dieta cetogênica, baseada na severa restrição de consumo de carboidratos e no aumento expressivo de ingestão de proteínas e gorduras.

Após um mês de observação das respostas biológicas de pessoas que seguiram essas dietas sequencialmente por duas semanas, em ordem aleatória, os pesquisadores descobriram que a dieta vegana estimulava respostas ligadas à imunidade inata – a primeira linha de defesa não específica do corpo contra patógenos – enquanto a dieta cetôgênica estimulava respostas associadas à imunidade adaptativa – específica ao patógeno construída por meio de exposições na vida diária e vacinação.

Mudanças metabólicas e mudanças nos microbiomas dos participantes – comunidades de bactérias que vivem no intestino – também foram observadas. “É necessária mais investigação para determinar se estas alterações são benéficas ou prejudiciais e que efeito podem ter nas intervenções nutricionais para doenças como o cancro ou condições inflamatórias”, disseram os cientistas.

Alterações Importantes

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Segundo os pesquisadores, a compreensão científica de como as diferentes dietas impactam o sistema imunológico e o microbioma humanos ainda é limitada. Mas as alterações existem e, provavelmente, se devem ao fato dessas dietas não promoverem um equilíbrio nutricional, fundamental ao bom funcionamento do organismo: enquanto a cetôgênica é pobre em carboidratos e rica em gordura, a vegana tende a ser rica em fibras e carente em gordura.

Durante o estudo, cada pessoa comeu o quanto quis de uma dieta (vegana ou cetôgênica) durante duas semanas. Nos quinze dias seguintes, seguiram o mesmo processo, mas da outra dieta. A vegana continha cerca de 10% de gordura e 75% de carboidratos, enquanto a cetogênica trazia cerca de 76% de gordura e 10% de carboidratos.

Nesse período, foram coletados sangue, urina e fezes dos participantes que, analisados, demonstraram mudanças notáveis. A dieta vegana impactou significativamente as vias ligadas ao sistema imunológico inato, incluindo as respostas antivirais. Por outro lado, a dieta cetôgênica levou a aumentos nos processos bioquímicos e celulares ligados à imunidade adaptativa, como as vias associadas às células T e B.

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A dieta cetogênica afetou também os níveis de proteínas no plasma sanguíneo e tecidos como sangue, cérebro e medula óssea. Já a vegana promoveu mais mudanças ligadas aos glóbulos vermelhos. E ambas produziram modificações nos microbiomas dos participantes, causando alterações na abundância de espécies bacterianas intestinais.

As alterações no sistema imunológico causadas pelas duas dietas, no entanto, foram observadas em todos participantes, o que mostra que as mudanças nutricionais repentinas afetam consistentemente as vias generalizadas e interligadas no corpo. Mais estudos são necessários, porém, para examinar como essas intervenções afetam componentes específicos do sistema imunológico.

“Os resultados, porém, demonstram que o sistema imunológico responde de forma surpreendentemente rápida às intervenções nutricionais”, escreveram os pesquisadores. Os autores sugeriram ainda que pode ser possível adaptar dietas para prevenir doenças ou complementar tratamentos de doenças, mas ambas devem avaliadas caso a caso e acompanhadas por um médico.

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