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Aversão às carnes pode ter explicação genética

“Para essas pessoas, o cheiro da carne realmente é repugnante, e lembra suor ou odor de urina”, explica pesquisador

Por Da Redação
3 Maio 2012, 11h37

O motivo pelo qual algumas pessoas têm, e outras não, aversão à carne pode ser genético, de acordo com um novo estudo feito na Universidade Norueguesa de Ciências da Vida. Segundo os pesquisadores, a presença de um gene que permite que um indivíduo sinta um odor típico de carnes como a de porco pode determinar a repulsa pelo alimento. “Para essas pessoas, o cheiro da carne é repugnante e lembra odor de urina”, explica um dos pesquisadores responsáveis pela pesquisa.

O trabalho, publicado nesta quarta-feira no periódico PLoS One, é um dos primeiros a mostrar como os genes podem influenciar os nossos hábitos alimentares.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Genetic Variation of an Odorant Receptor OR7D4 and Sensory Perception of Cooked Meat Containing Androstenone

Onde foi divulgada: periódico PLoS One

Quem fez: Kathrine Lunde, Bjørg Egelandsda, Ellen Skuterud, Joel D. Mainland, Tor Lea, Margrethe Hersleth e Hiroaki Matsunami

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Instituição: Universidade Norueguesa de Ciências da Vida, Noruega

Dados de amostragem: 23 adultos saudáveis

Resultado: Pessoas que têm duas cópias do gene OR7D4 são mais sensíveis ao odor de um hormônio presente em porcos machos, consideram o cheiro desagradável e tendem a não gostar de carne, em comparação com quem possui somente uma cópia do gene

Como explicam os autores do estudo, a capacidade de as pessoas detectarem odores se deve a receptores químicos presentes nas células nervosas do nariz. No total, um indivíduo possui genes ligados a aproximadamente 400 receptores de odor diferentes, capazes de detectar algo em torno de 10.000 cheiros variados. Alguns desses receptores são capazes de detectar a androsterona, um hormônio esteroide encontrado em grandes concentrações nos porcos machos. Estudos anteriores mostraram que cerca de 70% da população mundial possui genes que permitem que uma pessoa sinta a androsterona, o que provoca reações diferentes em cada indivíduo.

De acordo com um dos autores do estudo, Hiroaki Matsunami, os indivíduos mais sensíveis ao odor da androsterona são aqueles que possuem as duas cópias do gene OR7D4, que é justamente o gene ligado aos receptores capazes de detectar o hormônio. Ou seja, devem herdar o gene tanto do pai quanto da mãe. “Para essas pessoas, o cheiro da carne realmente é repugnante, e lembra suor ou odor de urina”, explica o pesquisador. No entanto, como o autor indica, há pessoas com somente uma cópia do gene (e uma variante) que, mesmo sentindo o odor do hormônio, não se incomodam tanto com ele. “Esses indivíduos não acham o cheiro da carne tão desagradável, e muitas vezes o odor é tão fraco que chega perto de se tornar imperceptível”, diz.

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Saiba mais

ANDROSTERONA

É um hormônio esteroide, que está relacionado com a testosterona e é responsável por dar o odor desagradável típico de carnes de animais machos, especialmente da suína. Já é sabido que quando os animais são castrados, esse cheiro diminui. Por isso, ao menos nos Estados Unidos, animais como os porcos são castrados antes de serem comercializados, prática que, segundo a pesquisa da universidade norueguesa, a Europa vem considerando banir.

A pesquisa – Para chegar a essa conclusão, Matsunami e sua equipe selecionaram 23 adultos saudáveis. O trabalho foi feito em três etapas: primeiro, os autores do estudo adicionaram androsterona em dois de três copos de água e pediram que os participantes cheirassem cada copo e identificassem qual deles tinha um odor diferente. Assim, a equipe concluiu que os que estavam certos eram os indivíduos sensíveis ao odor do hormônio. Em seguida, os participantes tiveram que comer carne de porco moída e cozida com níveis variados de androsterona que era acrescentada à carne e, depois, avaliaram sabor e cheiro do alimento. Por fim, os autores realizaram testes genéticos nos indivíduos.

Os pesquisadores descobriram que todas as pessoas que conseguiram identificar o cheiro da androsterona nos copos de água tinham duas cópias do gene relacionado aos receptores do odor do hormônio. Além disso, esses indivíduos foram mais propensos a classificar o sabor da carne como ruim. Por outro lado, aqueles que possuíam somente uma cópia do gene não identificaram o odor da androsterona e tenderam a considerar o sabor da carne bom.

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Segundo os autores, o estudo mostrou que os genes certamente influenciam a capacidade de uma pessoa identificar odores e, consequentemente, interferem nas preferencias por determinados alimentos. Porém, eles lembram que a experiência é outro fator que deve ser levado em consideração, já que, segundo a pesquisa, parte das pessoas que inicialmente não conseguem identificar determinado odor podem passar a senti-lo se entrarem em contato com o cheiro repetidamente.

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