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Ana Michelle Soares: “Não sou invisível”

Aos 36 anos, a jornalista convive com um câncer desde 2011. Ela criou uma conta no Instagram na qual fala sobre sua condição de forma direta e cheia de vida

Por Adriana Dias Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 jun 2019, 15h29 - Publicado em 14 jun 2019, 07h00

Por que expor sua condição de saúde nas redes sociais? Tive a ideia com uma amiga minha, a Renata, portadora de um câncer semelhante ao meu. A intenção é mostrar que não sou invisível. Tenho um câncer terminal, mas não estou no leito de morte. Não venci a doença, mas não morri. Estou bem. E agora? As pessoas têm obsessão pela cura.

Os médicos também têm essa obsessão? Em termos. Aprendi ao longo desses oito anos que os oncologistas não são preparados realmente para dar notícias ruins. Ou são duros demais ou camuflam a verdade. Para minha amiga, por exemplo, quando soube que o câncer tinha se tornado metastático, o médico lhe deu menos de um ano de vida. Mas a Renata viveu, e muito bem, por mais tempo. Comigo aconteceu o contrário. Os médicos não tinham coragem de me dizer a verdade. Eles me deixaram ter esperança de cura quando isso já não era mais possível. Pensei em fazer transplante de fígado, o primeiro órgão afetado pelo câncer de mama, no momento em que o procedimento não resolveria nada. Recomendaram que eu congelasse óvulos quando já estava com o tumor metastático. Eu congelei! Para quê? Não vou mais engravidar… Eles têm de ser menos robóticos e aprender a lidar mais com o doente e menos com a doença.

Como está seu estado geral de saúde? O câncer está espalhado por diversas partes do meu corpo. Tenho poucas limitações, me sinto bem. Eu me cuido, faço meditação. Convivo bem com meus pais, mas mantenho minha independência. Posso até vir a fazer quimioterapia, mas só se for para ter qualidade de vida e aplacar a progressão da doença. Só aceitarei, porém, se o tratamento não me tirar a autonomia. Já fiz mais de uma dezena de ciclos quimioterápicos e não suportaria mais passar pelo que passei. Fui para o pronto­-socorro com crises de enjoo diversas vezes. Estou sob cuidados paliativos e muito feliz. Esse tipo de atenção médica diz respeito a como viver bem até chegar o momento final. O que quero dizer é que existe muita vida entre o diagnóstico de uma doença terminal e a morte.

Você tem desejos ainda não realizados? Mantenho uma lista. Sei que não vou cumprir todos, mas gosto de saber que estão ali. Quero visitar um país asiático. Ir a Jerusalém com meus pais. Andar de jet ski. Nadar em um rio transparente com peixinhos em volta.

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Publicado em VEJA de 19 de junho de 2019, edição nº 2639

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