Amicretina: o que esperar de molécula que pode dividir espaço com Mounjaro?
Droga em testes demonstrou segurança e potencial para reduzir 24,3% do peso com dose máxima em 36 semanas de acompanhamento

Com o sucesso das já consolidadas canetas contra obesidade, estudos com novas moléculas estão sendo realizados para aumentar o arsenal de tratamentos dessa doença que cresce e já é considerada uma pandemia. Uma das apostas é com a amicretina, combinação entre os agonistas dos receptores de GLP-1 (como o Wegovy) e amilina. Em testes, o medicamento em teste demonstrou capacidade de reduzir o peso corporal em 24,3% com a dose máxima (60 mg) em 36 semanas em pessoas com sobrepeso ou obesidade.
Os ensaios clínicos de fase 1b/2a com a droga foram publicados no periódico científico The Lancet e apresentados durante a reunião anual da Associação Americana de Diabetes (ADA, na sigla em inglês), realizada em Chicago no mês passado.
Nos testes, 125 voluntários que receberam o escalonamento de dose até 60 mg e um esquema com dose de manutenção. Segundo a farmacêutica Novo Nordisk, os pacientes não tiveram pausa no emagrecimento e manutenção do peso, “o que sugere que uma duração maior do tratamento pode contribuir para perdas adicionais de peso”.
Com a dose de 20 mg das injeções semanais por 36 semanas, o emagrecimento foi de 22% do peso corporal. Índice semelhante foi o alcançado pela caneta também semanal de Mounjaro (tirzepatida), cuja perda de peso atingiu 22,5% em 72 semanas, de acordo com estudos divulgados pela farmacêutica Eli Lilly.
A dose de 60 mg teve um resultado maior: 24,3% em 36 semanas e sem atingir o platô. “A amicretina é o primeiro tratamento experimental a combinar os mecanismos de ação dos agonistas dos receptores de GLP-1 e amilina em uma única molécula, atuando em vias distintas e oferecendo efeitos complementares no controle do apetite”, explicou, em comunicado, Martin Holst Lange, vice-presidente executivo de Desenvolvimento da Novo Nordisk.
Efeitos colaterais
Assim como outras canetas antiobesidade, a amicretina demonstrou segurança nos testes e efeitos colaterais gastrointestinais com variações na intensidade de acordo com a dose. Outros medicamentos com agonistas do GLP-1 costumam desencadear episódios de náusea, enjoo e diarreia.
Mesmo assim, foram classificados de leve a demorados e se resolveram até o fim do ensaio clínico. A descontinuação registrada no estudo não teve relação com os eventos adversos.
O que é a amicretina?
Desenvolvida pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, a amicretina é uma molécula que imita os hormônios GLP-1 e amilina, que são produzidos naturalmente pelo organismo e atuam no controle do apetite e sensação de saciedade.
Da mesma forma que a semaglutida (Ozempic) e a tirzepatida (tirzepatida), tem a função de auxiliar no controle do diabetes tipo 2. A meta da farmacêutica é avançar para a fase 3 e desenvolver um medicamento não só para administração subcutânea, mas oral.