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Alzheimer: suplemento desacelera a progressão da doença

Segundo um novo estudo, um suplemento nutricional em forma de bebida é capaz de reduzir a progressão do Alzheimer em pacientes no início da doença

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 nov 2017, 16h45 - Publicado em 1 nov 2017, 12h03

O Alzheimer é a principal causa de demência em pessoas a partir dos 60 anos, mas permanece como um dos principais desafios da medicina devido à dificuldade de diagnóstico e à ausência de tratamento. Felizmente, a cada dia, novos estudos trazem mais luz sobre esse assunto.

O mais recente deles, publicado na segunda-feira no periódico científico The Lancet Neurology, mostrou que um suplemento nutricional facilmente encontrado em farmácias foi capaz de reduzir a progressão do Alzheimer em pacientes com estágio inicial da doença.

Em sua fase inicial, também chamada de pré-demência, surgem os primeiros sinais de declínio cognitivo, como confusões de memória, alterações sutis de comportamento e dificuldade de expressão. Conforme avança, mais e mais neurônios morrem, apagando datas, nomes, rostos e lembranças. No fim, o doente está alienado do mundo e de si próprio.

Impacto no prognóstico da doença

Para essas fases mais avançadas, ainda não há muito o que fazer, mas para na inicial, que se assemelha ao envelhecimento natural, sim. E uma intervenção nesse período não significa a cura, mas corresponde ao retardo da fase final e cruel. No estudo LipiDiDiet, financiado pela União Europeia, 311 pessoas diagnosticadas com comprometimento cognitivo leve (CCL), de quatro países diferentes – Finlândia, Alemanha, Holanda e Suécia -, foram selecionadas aleatoriamente para receber a intervenção nutricional ou uma bebida iso-calórica de controle.

A intervenção consistia em ingerir uma unidade do composto nutricional Souvenaid, uma vez ao dia, durante dois anos. Os resultados mostraram que os participantes desse grupo apresentaram melhora do desempenho cognitivo e funcional e reduziram atrofia de hipocampo, um importante sinal no prognóstico da doença. No entanto, o desfecho primário do estudo – mostrar o impacto do produto na redução da perda de memória e frear o desenvolvimento da doença – não foi alcançado.

“Essa foi a primeira vez que a redução na atrofia do cérebro veio acompanhada de melhora nas funções cognitivas dos pacientes e é isso o que importa. Ficamos positivamente surpresos com o impacto da intervenção no dia a dia dos pacientes. Certamente essa não é a cura para o Alzheimer, mas pela primeira vez temos uma terapia que pode modificar a doença.”, afirma Tobias Hartmann, pesquisador da Universidade de Saarland, na Alemanha e coordenador do projeto.

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Melhora no desempenho cognitivo

A melhora no desempenho cognitivo e funcional foi medida pela Avaliação Clínica de Demência (Clinical Dementia Rating-Sum of Box – CDR-SB). Esse índice avalia a progressão da doença por meio da capacidade de execução de atividades diárias, tarefas domésticas, lidar com transações financeiras ou o esquecimento de um evento importante. Os pacientes do grupo ativo apresentavam uma redução de 45% nessa avaliação após os 24 meses de intervenção.

Em relação à atrofia cerebral, ela foi 26% menor no hipocampo e 16% menor no volume ventricular do grupo ativo, em relação ao controle. Esse dado é importante porque o hipocampo, por exemplo, é responsável pela memória, e a área é diretamente afetada pela degeneração progressiva causada pelo Alzheimer.

Quanto antes, melhor

De acordo com os pesquisadores, os efeitos da intervenção nutricional foram mais evidentes em pessoas com comprometimento cognitivo leve ou fase pré-demência. Naquelas com demência leve e moderada, já não houve melhora significativa e em casos severos, não foram observados benefícios. É importante ressaltar que a terapia nunca foi avaliada em pessoas sem declínio cognitivo e, portanto, não serve como prevenção da doença.

“A intervenção nutricional não é uma cura para o Alzheimer, mas efetivamente mostra que o quanto antes haja intervenção no processo da doença, maior será o benefício para o paciente.”, diz Hartmann.

Apesar de ser um produto facilmente encontrado em farmácias, seu uso deve ser indicado e acompanhado por um médico. Além disso, os primeiros benefícios do tratamento só aparecem após, no mínimo, sete meses. Lembrando que efeitos protetivos mais significados apareceram só depois de dois anos.

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“Você precisa bebê-lo por um longo tempo, caso contrário, não funciona. Após os efeitos positivos começarem a aparecer, é preciso continuar tomando ou eles simplesmente irão embora.”, explica o coordenador. E, nesse caso, o preço não é muito amigável: apenas uma semana de tratamento custa, em média, 126 reais.

Suplemento contra o Alzheimer

O Souvenaid é um composto nutricional da Danone Medical Nutrition, desenvolvido após mais de dez anos de pesquisas envolvendo testes no Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos e clinicamente comprovado para a administração via dieta da fase inicial da doença de Alzheimer.

A bebida contém “Fortasyn Connect”, uma combinação específica de ácidos graxos essenciais, vitaminas e outros nutrientes, e inclui omega-3, colina, monofosfato uridina, fosfolipídios, antioxidantes e vitaminas B. Esses componentes fornecem doses generosas de EPA e DHA, que são formas da gordura ômega-3, além de vitaminas, que também estão presentes em certos cardápios, como a dieta mediterrânea. À base de peixes, verduras, frutas e azeite, essa alimentação é frequentemente associada à prevenção do Alzheimer.

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Essa associação fez alguns especialistas receberem com ceticismo as revelações do estudo. “Há sinais de algo significativo, mas o tamanho do efeito é pequeno e algo similar provavelmente pode ser alcançado a partir de uma dieta saudável”, disse David Reynolds, diretor científico da Alzheimer’s Research UK, principal ONG de pesquisa sobre o Alzheimer no Reino Unido, ao jornal on-line britânico Daily Mail.

Alzheimer

A Associação Brasileira de Alzheimer estima em 1,5 milhão o número de portadores da doença em nosso país. No mundo, são 47 milhões de pessoas sofrem de algum processo de demência. A cada 20 anos, o número de pessoas vivendo com Alzheimer deve dobrar, atingindo 74,7 milhões de pessoas em 2030 e 131,5 milhões em 2050, resultado do ‘efeito colateral’ do aumento da expectativa de vida, principalmente nos países em desenvolvimento.

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A doença surge do acúmulo exagerado de duas proteínas no cérebro: a beta-amiloide e a tau. Juntas, as duas proteínas formam placas e emaranhados de fibras que sufocam, atrofiam e matam os neurônios. Acredita-se que seu acúmulo começa entre três e quatro décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas, que aparecem aos 60 anos. Calcula-se que de 10 a 15% das pessoas que chegam aos 65 anos apresentam sintomas que remetam ao Alzheimer. A prevalência salta 3% ao ano, até atingir quase 50% ao completar os 85 anos.

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