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Ação na memória pode ser chave do sucesso de antidepressivos

Estudo mostra que medicamentos reduzem lembranças negativas e melhoram memória geral; no Brasil, venda de medicamentos para depressão tem alta

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 set 2023, 14h00

Usados há mais de 70 anos, os antidepressivos ainda carregam mistério quanto ao seu mecanismo de ação. Assim, a ciência continua buscando respostas sobre como essas drogas funcionam e qual a chave para que o tratamento tenha sucesso, pois ele é eficaz em metade das tentativas, levando os pacientes a trocarem de medicação até encontrarem a mais adequada. Um novo estudo parece ter encontrado uma importante pista: esses fármacos trabalham em duas vias na memória, reduzindo as lembranças ruins e melhorando a memória geral.

O estudo, publicado no periódico científico Frontiers in Human Neuroscience, foi conduzido por pesquisadores da Rice University, no estado americano do Texas, com 48 voluntários de 18 a 35 anos em tratamento para depressão há, ao menos, um mês antes do ensaio. Na análise, o grupo admitiu os participantes sem determinar o tipo de fármaco que estavam tomando nem o diagnóstico. Dessa forma, avaliaram o impacto dos antidepressivos na memória.

Estudar a atuação da droga nesta área pode ser considerado algo inovador, porque é um campo pouco explorado por ter relações com funções cognitivas. Assim, há mais perguntas do que respostas. “Embora os antidepressivos existam desde a década de 1950, não entendemos completamente como esses medicamentos reduzem os sintomas depressivos e por que são tão frequentemente ineficazes. Isso é um grande problema”, disse, em comunicado, Stephanie Leal, autora do estudo e professora assistente de ciências psicológicas na universidade.

Segundo Stephanie, os medicamentos funcionam em cerca de 50% das tentativas, de modo que trocas de remédios são realizadas durante o tratamento até que esteja ajustada e o paciente apresente melhora. O problema é que as pessoas que sofrem com depressão podem ter a sensação de que a proposta medicamentosa não tem sucesso, o que pode causar problemas de adesão ou fazer com que eles abandonem o tratamento.

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Os pesquisadores levaram em consideração que a depressão envolve a desregulação emocional e do humor, bem como déficits cognitivos. O estudo ressalta que indivíduos deprimidos apresentam comprometimento geral da memória com a característica de lembrar mais de episódios negativos do que dos positivos ou neutros.

“Ao medir como os antidepressivos afetam a memória, podemos usar essas informações para selecionar melhor os tratamentos, dependendo dos sintomas de depressão das pessoas”, completou Stephanie. O grupo avalia que novos estudos devem ser realizados para aprofundar os efeitos dos antidepressivos na memória e na gravidade dos sintomas da depressão.

No Brasil, venda de antidepressivos registra alta

A depressão, assim como a ansiedade, são problemas mundiais e, são condições que têm registrado aumento no número de casos principalmente após a pandemia de Covid-19. No Brasil, o crescimento de notificações também aparece nos índices de vendas de medicamentos para essas doenças: o período de agosto de 2022 a julho deste ano, foi contabilizado um aumento de 7%, segundo um levantamento da InterPlayers, hub de negócios da saúde e bem-estar.

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O percentual mais alto foi registrado em São Paulo, com alta de 10%. Na outra ponta, está Goiás, onde ocorreu uma queda de 15% nas vendas. Ainda de acordo com a empresa, na comparação entre julho e janeiro deste ano, houve um salto de 19% nas vendas.

“O levantamento mostra onde há maior demanda pelos medicamentos, tornando-se uma referência para gestores de saúde. Assim, eles podem direcionar investimentos e ações com mais precisão para áreas específicas, o que inclui desde a oferta de remédios até a expansão da rede de tratamentos”, explica Ilo Souza, gerente de Inteligência Comercial da InterPlayers.

Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência de depressão ao longo da vida entre os brasileiros está em torno de 15,5%. Por ser uma condição grave, o paciente precisa de acolhimento dos amigos, familiares e empregadores, além de tratamento com profissionais especializados, como psiquiatras (para a prescrição de antidepressivos) e psicólogos, que vão conduzir as sessões de terapia. Com esse conjunto de ações, é possível amenizar os sintomas e fazer com que o paciente alcance a remissão da doença.

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