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A onda da vitamina aplicada direto na veia

Disseminam-se no mundo, inclusive no Brasil, e com celebração pública, as injeções de nutrientes no braço, em bolsa de soro. Mas atenção: há riscos

Por Adriana Dias Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h45 - Publicado em 28 jun 2019, 07h00

É um pouco estranho, e à primeira vista parece assustador: viralizaram nas redes sociais as fotos de famosos ou quase famosos em clínicas ou mesmo em casa recebendo coquetéis de vitaminas direto na veia, de modo semelhante ao da aplicação de remédios em internações, com bolsa de soro e fios pendurados no braço. Trata-se de uma onda americana, que chegou à Europa e se disseminou no Brasil. “A terapia de soro é excelente para repor nutrientes, dar energia, desintoxicar”, disse em vídeo postado em maio a nutricionista Andrea Santa Rosa, mulher do apresentador Marcio Garcia. A modelo americana Chrissy Teigen pôs a seguinte legenda debaixo de uma foto em que aparece de roupão, na cama: “Hello! Body meet vitamins”, algo como “Oi! Corpo recebendo vitaminas”.

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(./.)

O método consiste na aplicação de compostos que, a depender da combinação, têm efeito específico. O pacote com as vitaminas B, C e D e o antioxidante glutationa, por exemplo, é usado contra o envelhecimento. O procedimento leva de trinta minutos a uma hora. Cada bolsa de soro de 1 litro pode custar de 25 a 400 dólares. No Brasil, o custo chega a 800 reais. Nos Estados Unidos e no Japão, os locais das aplicações extrapolam os ambientes controlados. A cantora Madonna (sempre ela) foi a pioneira ao aplicar em si própria, em público, durante um voo de Nova York a Londres, compostos “energéticos”. Hoje, há bares que oferecem blends vitamínicos. No Brasil, as aplicações têm de ser feitas em ambientes hospitalares ou em clínicas. Há pelo menos dez delas que oferecem o produto, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na maioria das vezes, o paciente submete-se a exames para detectar a carência de nutrientes.

A razão do sucesso desse método está no fato de que a absorção das substâncias na forma injetável é muito mais rápida e eficaz em relação à ingestão pela boca. Faz sentido, já que por via intravenosa elas não são absorvidas pelo estômago nem pelo intestino. Mas há aspectos negativos. O excesso de vitaminas e minerais aumenta o risco de sobrecarregar os órgãos, atalho para diarreias, cálculos renais e arritmias. A reposição injetável deve ser reservada apenas para casos particulares, em que há deficiência vitamínica confirmada em laboratório. “Os portadores de doenças gastrointestinais, cuja condição afeta a absorção de vitaminas, e os adeptos de dietas restritivas são os principais beneficiados”, diz a endocrinologista Claudia Cozer Kalil, do Núcleo de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. “Para o metabolismo de um corpo saudável, basta uma dieta equilibrada.” Portanto, convém não tratar a nova onda como mais uma injeção milagrosa.

Publicado em VEJA de 3 de julho de 2019, edição nº 2641

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