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A moda é criar produtos que não agridem a natureza

Um dos setores mais poluentes do mundo começa a se adaptar às atuais exigências do consumidor e a dar atenção ao tema da sustentabilidade

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 jan 2020, 17h35 - Publicado em 10 jan 2020, 06h00

Há uma revolução na indústria da moda. Grifes com décadas de tradição e milhões de consumidores começam a fabricar roupas e acessórios com especial atenção ao tema da sustentabilidade, um imperativo do século XXI. Diz a consultora de moda e sustentabilidade Giovanna Nader: “As mudanças vão da escolha por tingimento natural, tênis e tecidos feitos de material reciclado e descarte de lixo de modo não poluente a boas condições de trabalho”.

A transformação de um setor que movimenta anualmente 1,3 trilhão de dólares e emprega mais de 300 milhões de pessoas só ocorreu por exigência de um novo tipo de consumidor. Levantamento recente da consultoria americana McKinsey mostrou que 66% das pessoas passaram a considerar o desenvolvimento sustentável de um produto ao se decidir pela compra, ou não, de uma peça de moda. Entre a geração dos millennials, nascidos entre 1980 e 1995, a taxa sobe para 75%. As pesquisas na internet por “moda sustentável” triplicaram entre 2016 e 2019. Não responder, portanto, às novas expectativas impacta a imagem e os lucros do setor.

O gigante inglês Burberry e a rede sueca H&M sentiram recentemente os primeiros efeitos. Ambos foram alvo de protestos depois da revelação de que produtos excedentes estavam sendo incinerados em vez de vendidos em pontas de estoque, doados ou reciclados. A justificativa dessas grandes grifes inclui manter a qualidade das peças e “proteger a propriedade intelectual” das criações, além de defender as roupas de imitações, pirataria e vendas ilegais. Pressionadas, meses depois as empresas anunciaram o fim da prática. Em seguida, a França, país líder global em artigos de luxo, proibiu a destruição de produtos não vendidos. Em 2018, a brasileira Renner lançou uma coleção com peças feitas com fios reaproveitados das sobras de tecidos, o que diminuiu o consumo de água na produção em 44% . A Nike, atualmente símbolo de boas práticas no setor com o desenvolvimento de tênis a partir de material do lixo, até hoje faz um grande e reconhecido esforço para apagar a má lembrança de escândalos da década de 90. As denúncias de uso de trabalho infantil e o desperdício de material colaram na marca.

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Mesmo companhias que já nasceram com ideais sustentáveis estão radicalizando seus propósitos. A americana Patagonia, conhecida por fabricar roupas e equipamentos para atividades ao ar livre apenas com poliéster reciclado e algodão 100% orgânico, informou em 2019 que não mais fornecerá roupas a empresas que não sejam “ambientalmente conscientes”. A notícia caiu como um balde de água fria nos corredores de Wall Street, já que o colete de lã da Patagonia virou marca registrada de trabalhadores de companhias financeiras da região.

Atrás apenas da área de óleo e gás, o setor da moda é hoje o segundo mais poluente do planeta. “Os itens nocivos que entram na produção de tecidos incluem pesticidas e corantes tóxicos usados para o tingimento”, diz a influencer e escritora Carla Lemos. Para piorar, os níveis de poluição gerados no processamento, transporte e limpeza de roupas são altos. A fibra sintética mais empregada por toda a indústria de roupas e acessórios, o poliéster, demora nada menos que 200 anos para se decompor na natureza. Assim, se for mantida a taxa atual de crescimento da indústria da moda, as emissões resultantes da produção aumentarão mais de 60% até 2030. Como diz o título de um requisitado livro da estilista e consultora de moda Alessandra Ponce Rocha, a Alê Rocha, sucesso entre a nova geração, “o futuro do planeta está em seu guarda-roupa”.

Publicado em VEJA de 15 de janeiro de 2020, edição nº 2669

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