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Viés autoritário

A liberdade de expressão nunca foi bem-vista pelos governos petistas. Mas, apesar das ameaças, a imprensa cumpriu o seu papel

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 dez 2018, 09h18 - Publicado em 7 abr 2018, 06h00
A tática do ex-presidente Lula sempre foi dizer que não sabia de nada, transferindo a responsabilidade pelos malfeitos de seu governo a auxiliares (VEJA/VEJA)

Uma das missões mais relevantes da imprensa num regime democrático é levar ao conhecimento da sociedade fatos que os governantes se esforçam para esconder. VEJA, desde a sua criação, há cinquenta anos, é fiel a esse princípio — e nas administrações petistas não foi diferente. Desde janeiro de 2003, quando Lula tomou posse, foram 150 capas, quase 1 500 páginas de reportagens com revelações, críticas, análises e investigações exclusivas sobre o governo dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, além dos desdobramentos da Operação Lava-Jato.

Quando vestiu pela primeira vez a faixa de presidente da República, em janeiro de 2003, Lula estampou a capa de VEJA com a seguinte chamada: “Lula de mel”. Naquele momento, ele personificava a esperança de milhões de brasileiros na retomada do crescimento econômico, na redução das desigualdades sociais e no combate à corrupção. “A partir de agora, começa a cobrança”, alertava VEJA. Oito meses depois da posse, uma reportagem denunciou “a praga do fisiologismo”. O PT, crítico ferrenho do aparelhamento estatal, distribuía entre seus militantes e aliados políticos milhares de cargos na administração pública. As indicações passavam pelo crivo do então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Em 2005, VEJA revelou, por exemplo, que um dos alvos desse aparelhamento era a Petrobras, citando negócios entre um lobista e um diretor da estatal. Nada aconteceu. Uma década depois, o lobista, o diretor da Petrobras e o ministro Dirceu foram presos pela Operação Lava-Jato. Os três já foram condenados por corrupção e lavagem de dinheiro.

Em maio de 2005, VEJA também puxou o fio do novelo de outro grande escândalo de corrupção, o mensalão, ao publicar imagens de um funcionário dos Correios, indicado pelo então deputado Roberto Jefferson, do PTB, embolsando propina em dinheiro vivo. A cena provocou a primeira e maior crise do governo Lula. Quando o vídeo devastador veio à tona, Roberto Jefferson, aliado do PT, botou a boca no trombone — e denunciou um esquema encabeçado pelo governo petista de compra de apoio político no Congresso. O Supremo Tribunal Federal condenou os envolvidos, entre eles o ex-­ministro José Dirceu e o ex-­presidente do PT José Genoino. Lula, apesar de ser o principal beneficiário do esquema de compra de apoio parlamentar, saiu ileso.

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https://www.youtube.com/watch?v=cwUu8f9Qz64

VEJA revelou os negócios e as ligações financeiras entre Lula e os empresários envolvidos no escândalo na Petrobras (VEJA/VEJA)

Mais recentemente, enquanto a Lava-Jato avançava em direção ao topo da cadeia de comando do escândalo na Petrobras, VEJA revelou que Lula não só tinha conhecimento do esquema de corrupção, como também se beneficiava diretamente dele. Em meados de 2015, uma reportagem da revista revelou a existência do hoje famoso sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, imóvel registrado em nome de amigos e sócios do filho mais velho de Lula, mas que segundo investigadores pertencia ao ex-­presidente e foi reformado pelas construtoras OAS e Odebrecht. A reportagem dizia que a OAS também havia bancado uma reforma no igualmente famoso tríplex do presidente. Por causa disso, Lula foi condenado a doze anos e um mês de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro. O processo sobre o sítio, que pode resultar numa segunda condenação criminal, será julgado no segundo semestre.

A liberdade de expressão é um pilar da democracia e sempre foi um problema para Lula e para o PT. Em 2004, Lula quase expulsou do Brasil o jornalista americano Larry Rohter. O motivo: o correspondente do jornal New York Times escreveu sobre o gosto de Lula por bebidas alcoólicas. O desconforto com a imprensa profissional era tão grande que líderes do partido tentaram criar uma agência reguladora de mídia. O objetivo era estabelecer mecanismos de controle sobre a produção jornalística, permitindo a punição de profissionais e empresas de comunicação. Em outras palavras, o governo propunha intimidação e censura. Em janeiro passado, quando ainda não sonhava com a possibilidade de prisão, Lula voltou a insistir no tema: “VEJA é uma central de mentiras. Eu quero que eles saibam. Trabalhem pra eu não voltar. Porque se eu voltar vai haver uma regulação dos meios de comunicação”. A regulação da mídia é comum em alguns países. O que é incomum é um ex-presidente ameaçar utilizar a legislação para se vingar por meio de uma censura contra a qual lutou durante a ditadura. VEJA, como mostram os fatos, exerceu a sua missão — e continuará neste caminho, independentemente de quem esteja governando o país.

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O artista da capa

SIMPLICIDADE – Rodriguez, na Time, na alemã Der Spiegel e em VEJA (Divulgação/VEJA)

O criador da capa desta edição de VEJA é o artista cubano Edel Rodriguez, de 46 anos, que se tornou ícone do design de revistas ao deixar sua marca ferina nas imagens que retratam o desastre Donald Trump. Diante da iminência do julgamento de Lula no STF, VEJA encomendou a Rodriguez uma capa que expressasse sua visão sobre a prisão do ex-presidente.

Publicado em VEJA de 11 de abril de 2018, edição nº 2577

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